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Alice: “Não sei a utilidade de ter alguém do mercado na educação”

9 abril, 2019

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), vice-presidenta da Comissão de Educação da Câmara, prepara um requerimento para convidar Abraham Weintraub, novo titular do Ministério da Educação, a falar no colegiado. “Vou protocolar amanhã [terça, dia 9 de abril] bem cedo. Se ele puder vir já na quarta, ótimo.”, afirmou a parlamentar.
Para Alice, é necessário que Abraham deixe clara suas intenções frente à pasta, posição compartilhada com o presidente da comissão, deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB). “Temos que ouvi-lo sobretudo sobre a preocupação com a visão de mundo de tudo que vai ser apresentado pelo MEC”. Abraham assume a Educação após quatro meses conturbados na pasta, até então comandada por Ricardo Vélez Rodríguez, que se notabilizou por comentários polêmicos e por sua proximidade com o escritor Olavo de Carvalho, que o tutelou ao cargo.
O novo ministro também é fã de Olavo e já deu demonstrações públicas disso. “Quando ele (um comunista) chegar para você com o papo ‘nhoim nhoim’, xinga. Faz como o Olavo de Carvalho diz para fazer. E quando você for dialogar, não pode ter premissas racionais”, disse em um evento no fim do ano passado, conforme relato feito à época pelo jornal O Estado de S.Paulo.
“Esse ministro sai da manga da camisa do presidente, do núcleo duro do governo, com posições de extrema direita. Sofre de intolerância política, o que para a convivência educacional é péssimo. Nada mais plural que a ambiência educacional em todos os níveis”, avaliou Alice.
Novos rumos
Abraham Weintraub se formou em ciências econômicas pela Universidade de São Paulo (USP) em 1994. É mestre em administração na área de finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e professor de Ciências Contábeis na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Fez carreira no Banco Votorantim, onde atuou por 18 anos. Passou pela Quest Corretora, foi professor da Unifesp, e fundou o Centro de Estudos em Seguridade, que presta consultoria a empresas e publica uma revista sobre Previdência.
O caminho dele, todo alinhado ao mercado, também preocupa a vice-presidente a Comissão de Educação da Câmara. “Não sei exatamente a utilidade de um quadro do mercado na educação. Espero que o ministro saiba lidar com a conceituação de que a educação brasileira é laica e gratuita e não queira privatizar e quebrar esse condão da universalização”, disse a deputada Alice Portugal.
Abraham deixa a vaga de número dois da Casa Civil, onde era secretário-executivo, e tinha como principal atribuição negociações em torno da reforma da Previdência, assunto que, aliás, já acompanhava desde a pré-campanha eleitoral ao lado do irmão, Arthur Weintraub, assessor especial da Presidência da República.
 
Com Congresso em Foco

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