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Ato do 20 de novembro em Salvador conclama o povo negro a resistir

20 novembro, 2018

 

Foto: Manoel Porto


 
Salvador é considerada a cidade mais negra fora da África e, na manhã desta terça-feira (20/11), Dia Nacional da Consciência Negra, foi marcada por um cortejo pelas ruas do Centro rumo à tradicional Lavagem da Estátua de Zumbi dos Palmares, um dos símbolos da resistência do povo negro no Brasil. A atividade, que esse ano chega à 10ª edição, foi organizada por 37 entidades do movimento social baiano e se concentrou na Praça da Sé, onde está localizada a estátua.
O 20 de novembro é uma referência à data de morte de Zumbi, no ano de 1695. O secretário estadual de Combate ao Racismo do PCdoB, Alex Reis, explica que o dia é para lembrar do herói negro e das lutas nos quilombos brasileiros, mas, também, para discutir os desafios para o povo negro hoje. Alex acredita que o resultado das eleições deste ano torna ainda mais necessárias essas reflexões e a unidade do movimento social.
“A Consciência Negra deste ano acontece em um momento em que a extrema-direita assume o comando do país, com um direcionamento de perseguir movimentos sociais, negro, quilombola, indígena. Então, é um chamamento à unidade política, porque vamos enfrentar momentos muito difíceis. Já enfrentamos isso na História do Brasil. Essa não é a primeira vez”, defendeu o secretário. Para ele, a palavra de ordem é resistência.
Olívia Santana, deputada estadual eleita pelo PCdoB neste ano, e também secretária nacional de Combate ao Racismo, chega à Assembleia Legislativa do Estado para romper com a ausência de mulheres negras na Casa. Ela garante que fará um mandato alinhado com o movimento social e pretende, com isso, abrir os caminhos do Legislativo baiano, para que outras mulheres negras sejam eleitas, a partir dos próximos pleitos.
A deputada eleita exaltou a compreensão do partido sobre a necessidade de garantir a eleição da candidatura de uma mulher negra. “É muito importante o PCdoB ter marcado esse avanço. O PCdoB é responsável por essa conquista. A minha eleição provoca uma reflexão: por que mulheres pretas, que são maioria no estado, não estão ocupando cadeiras de deputadas?”, afirmou.
A União de Negros pela Igualdade (Unegro) é uma das 37 organizações do ato e a presidenta nacional, Ângela Guimarães, destacou que, neste ano de 2018, a entidade completa 30 anos de atuação em defesa da igualdade racial no Brasil. “Há 30 anos estamos pregando ‘rebele-se contra o racismo’. Agora, faço um chamado ao conjunto da população: essa não é uma luta exclusivamente de negros. O racismo é um obstáculo ao desenvolvimento do Brasil”, disse.
Homenagem a Moa
A 10ª edição da Lavagem da Estátua de Zumbi homenageou Moa do Kantendê, que foi assassinado por um eleitor de Jair Bolsonaro (PSL), durante do primeiro turno das eleições, porque declarou voto em Fernando Haddad (PT), e se tornou mais uma vítima do ódio propagado pelo presidente eleito. Para Sirlene Assis, presidenta estadual da Unegro, Moa se torna mais um símbolo da resistência do povo negro.
“A homenagem a Moa é dizer sim ao amor e não ao ódio. É dizer sim à democracia e à soberania brasileira. Moa morreu porque defendeu a democracia, a união, o amor, a igualdade. Homenagear Moa é homenagear todos os negros que deram suas vidas por uma sociedade mais igualitária. Moa é esse símbolo, esse Zumbi do século XXI”, defendeu Sirlene Assis.

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