Notícia

Em reunião das Américas, Cebrapaz reafirma compromisso com as lutas dos povos

17 setembro, 2018

Em reunião do Conselho Mundial da Paz nas Américas, entre os dias 12 e 14 de setembro, em Moca, na República Dominicana,  o presidente do Cebrapaz  (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz), Antonio Barreto, denunciou a ofensiva do imperialismo e das oligarquias locais e o golpe de Estado no Brasil. Leia a íntegra de seu pronunciamento:
Companheiros e companheiras,
Gostaria de saudar a todos os amigos e amigas da paz com quem lutamos lado a lado, estendendo a saudação especial aos companheiros da União Dominicana de Jornalistas pela Paz (UDPP) e ao seu presidente Juan Pablo Acosta García, pela excelente acolhida da nossa reunião, e ao companheiro Silvio Platero, pela dedicação na coordenação da Região América do Conselho Mundial da Paz.
Não vou me estender na análise da situação regional, a cargo das intervenções da presidenta do CMP, a companheira Socorro Gomes, e do coordenador regional, companheiro Silvio Platero.
Situamo-nos num momento de grave ofensiva contra a soberania dos povos, que lutam para decidir seus rumos democráticos e de inclusão social em todo o continente. A convergência das nossas lutas demonstra que resistimos.
Abordarei a nossa luta no Brasil no quadro das campanhas e ações do Conselho Mundial da Paz em âmbito global e regional. Ao tempo em que seguimos fazendo frente ao neocolonialismo e à catástrofe gerada pelo neoliberalismo, os povos que ainda lutamos por superar os efeitos e heranças de tantos séculos de opressão, exploração e dominação, enfrentamos ainda golpes de Estado similares aos que vimos em passado tão recente, embora se fantasiem com novas roupagens.
Comprometidos com o reforço de campanhas históricas, construídas com empenho por companheiros aqui presentes, como a campanha contra as bases militares estrangeiras que ameaçam os povos em todo o planeta e na América Latina e Caribe, com as quase 80 bases estadunidenses, cerramos fileiras também contra o conservadorismo, a militarização da política, o fascismo cada vez mais manifesto, as guerras midiáticas e financeiras travadas para derrubar governos altivos que não entregam a soberania de suas nações, a desestabilização nacional e regional em que apostam as potências imperialistas, a começar pelos EUA.
É uma honra compartilhar a trincheira com companheiros e companheiras aguerridos aqui presentes e outras entidades. Do Canadá, EUA e México até a Argentina, Chile e Colômbia, entre tantos outros os que nos unimos nesta luta, alça-se a voz dos povos em defesa da paz nesta Nossa América.
No Brasil, como sabem, enfrentamos uma sucessão de golpes que não começaram nem terminaram com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff em 2016, onde além dela mais de 54 milhões de brasileiros e brasileiras que nela votaram tiveram seus direitos civis e políticos vilipendiados. Esses golpes evidenciam os desmandos e o desmonte promovido pelo governo ilegítimo deles resultante e encabeçado por Michel Temer. A entrega da soberania nacional e o retrocesso absoluto face às conquistas que o povo brasileiro alcançou nos governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma (2011-2016), para não falar de direitos trabalhistas conquistados ainda na década de 1950, também agredidos, são o grande projeto da gangue que tomou o poder.
As negociações para o uso da base espacial de Alcântara pelos EUA com termos inaceitáveis para um país que defenda a soberania e os bens estratégicos da nação é um entre tantos exemplos, assim como o leilão dos nossos vastos campos petrolíferos a multinacionais e a entrega da terceira maior empresa de aviação do mundo, a Embraer, detentora de tecnologia militar avançada e estratégica para o país, à estadunidense Boeing.
Outro exemplo é o papel condenável, contra o qual temos protestado, que o governo brasileiro assumiu na ofensiva contra a Venezuela bolivariana, insuflando a guerra midiática contra o governo do presidente Nicolás Maduro, este sim legítimo e defensor da soberania e do progresso nacional. O governo golpista brasileiro inclusive integra o infame Grupo de Lima dedicado a isolar nosso vizinho e irmão.
Ficou evidente o giro de 180º nas prioridades do Brasil a nível internacional, onde antes buscávamos desempenhar um papel construtivo no concerto das nações e na construção da paz mundial, em prol da aproximação entre os povos e a cooperação, para uma posição de subserviência absoluta à agenda imperialista.
Mas resistimos. Temos recebido a calorosa solidariedade de várias das entidades aqui presentes e de outras partes do mundo, e manifestamos nossa entusiasmada apreciação. Expressamos nossa solidariedade resoluta, entre outras, com as lutas do povo cubano pelo fim do bloqueio criminoso e pela devolução do território de Guantánamo; com a luta do povo colombiano pela paz com justiça social e o fim do paramilitarismo, que ainda tem matado lideranças sociais valentes em sua persistência; com a luta do povo venezuelano na defesa da sua Revolução Bolivariana; com as lutas do povo mexicano e estadunidense contra a militarização de seus países e fronteiras e o neoliberalismo que massacra os trabalhadores; com os povos equatoriano e argentino no grave retrocesso à direita em seus países, enfim, com todos os militantes da paz e do progresso social pela emancipação dos seus povos.
Recentemente, realizamos ou participamos das seguintes atividades:
– Ações em defesa da luta pelo povo palestino contra a ocupação e colonização sionista da sua pátria;
– Vigílias diante das Embaixadas e Consulados de Cuba em diversas cidades durante os nove dias de luto pelo comandante Fidel Castro e uma caminhada de homenagem no dia do seu funeral, quando lançamos flores ao mar em Salvador, no estado da Bahia;
– Construção da Frente Brasil Popular de entidades resistentes ao golpe e em luta pela democracia no país;
– Eventos em apoio ao povo saaráui em 2017, no aniversário da República Árabe Saaráui Democrática (RASD) nos campos de refugiados, no sul da Argélia e no aniversário da resistência, em 20 de maio de 2018, em Tifariti, nos territórios liberados do Saara Ocidental;
– Participamos da comissão organizadora do Fórum Social das Resistências em Porto Alegre e do Fórum Social Mundial em Salvador, na Bahia;
– Participamos da marcha de abertura do FSM do seu Ato Internacionalista, com representação de seis países;
– De eventos na Embaixada da República Popular Democrática da Coreia
– Da organização de uma missão político-acadêmica a se realizar no próximo ano na Coreia Popular para promover o intercâmbio cultural e as pesquisas a respeito da Coreia no Brasil, além de levar nossa solidariedade ao povo coreano;
– Conferências e debates em quatro universidades da Bahia com o Embaixador da Venezuela no Brasil;
– No 5º Seminário pela Paz e a Abolição das Bases Militares Estrangeiras em Guantánamo em 2017;
– Do Seminário Sindical Internacional de Solidariedade a Cuba na luta contra o bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos;
– Em parceria com a Associação Cultural José Martí do estado de Minas Gerais, organizamos e participamos da 22ª Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba;
– Atos públicos nos estados de Bahia, São Paulo, Ceará, Sergipe e Minas Gerais contra o bloqueio a Cuba e em apoio à Revolução Bolivariana;
– Comemoramos com atos públicos político-culturais os aniversários do Comandante Fidel Castro, de José Martí e de Che Guevara;
– Realizamos uma sessão especial na Assembleia Legislativa da Bahia contra o bloqueio a Cuba;
– Organizamos uma conferência intitulada “A Luta pela Paz e a Ação Imperialista na América Latina” em Fortaleza, Ceará (21 de junho de 2017);
– Ato de Solidariedade à Venezuela em Fortaleza, Ceará (22/08/2017)
– Encontro pelo Fortalecimento dos Laços de Solidariedade a Cuba na mesma cidade (28/09/2017);
– Ato de Solidariedade ao Povo Sírio em Belo Horizonte, Minas Gerais, em outubro de 2017, atos, debates e lançamento de livro em comemoração dos 100 anos da Revolução Russa de 2017, na Bahia, Minas Gerias e São Paulo;
– Atos em solidariedade ao povo palestino na Bahia, Minas Gerais, Paraná e São Paulo;
– Estamos realizando um convênio para a instalação da Sala José Martí na Biblioteca Pública do Estado da Bahia, juntamente com a Associação Cultural José Martí no estado;
– Participamos da comissão organizadora da Conferência Internacional contra Bases Militares dos EUA e da OTAN que terá lugar em Dublin, Irlanda, em novembro de 2018,
Além de diversas outras parcerias, ações e eventos em que temos participado cotidianamente.
Nosso compromisso resoluto com o fortalecimento das nossas ações e da nossa luta fica reafirmado. Estamos e estaremos presentes nas campanhas globais do Conselho Mundial da Paz contra a militarização do planeta, contra as armas nucleares e outras de destruição em massa, contra o saque das riquezas dos povos, a ingerência, as agressões, as guerras e massacres, as bases militares estrangeiras e outras formas de cerco geoestratégico, sanções e bloqueio. Seguiremos também nas nossas campanhas regionais de construção de uma zona de paz na América Latina e Caribe e em geral, de uma América nossa, de cooperação e amizade entre os povos, seguimos na luta, juntos.
Agradecemos mais uma vez a oportunidade. Venceremos!
Antonio Barreto, presidente do Cebrapaz – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz

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