A programação alusiva ao Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quarta-feira (20/11), em Salvador, incluiu a tradicional Lavagem da Estátua de Zumbi, na praça da Sé, organizada pela União de Negros e Negras pela Igualdade (Unegro) e que em 2019 chega à 11ª edição. Na atividade, que acontece em um ano-véspera das eleições municipais de 2020, a mensagem das lideranças foi de que uma das maneiras de combater o racismo é lançar candidaturas e eleger negros e negras comprometidos com a causa.
A deputada estadual Olívia Santana, que também está à frente da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo do PCdoB, participou do evento e, na ocasião, defendeu que agora é o momento de enfrentar com seriedade a questão da sub-representação negra nos espaços de poder. Recentemente, a Conferência Municipal do PCdoB em Salvador aprovou o nome de Olívia para pré-candidata a prefeita da capital baiana pelo Partido nas próximas eleições.
“Temos que ter representantes do povo negro, inclusive na prefeitura de Salvador, a cidade mais negra do Brasil. É um absurdo que, em 470 anos, Salvador nunca tenha tido uma prefeita ou um prefeito negro eleito pelo povo. Temos que enfrentar isso e eu quero agradecer ao PCdoB, que apresenta o meu nome à cidade como pré-candidata a prefeita, entendendo que é possível apostar na inteligência, capacidade e experiência das mulheres negras”, afirmou a deputada.
O presidente estadual do PCdoB, Davidson Magalhães, também participou da atividade, quando fez um apanhado histórico do sistema escravista do Brasil e das consequências sociais trazidas pelo período que ainda não foram superadas. Para ele, a pré-candidatura de Olívia Santana, que representa a possibilidade de Salvador ter a primeira prefeita negra, faz parte do entendimento do Partido de que é preciso se atentar, cada vez mais, para a diversidade e a inclusão, especialmente com recorte racial e de gênero.
“[A pré-candidatura de Olívia] É um grande ganho para o Partido, para o movimento social e para o povo baiano. O PCdoB reforça e reafirma a necessidade de ter mais negros participando da política, nesse caso específico, mais mulheres negras. É um desafio muito grande, que representa todas as nossas lutas e o anseio do povo para a superação”, disse.
Davidson ainda defendeu as qualidades de Olívia como quadro político, que tem, principalmente, “entendimento da realidade da Bahia, especialmente dos problemas de Salvador”.
Barrar o fascismo
À frente da organização da Lavagem, a presidenta nacional da União de Negros e Negras pela Igualdade (Unegro), Ângela Guimarães, também defendeu a mobilização para impedir o avanço de candidaturas da extrema direita, em 2020. Ela lembrou do episódio da quebra de uma tela que fazia parte de uma exposição do Dia da Consciência Negra, na Câmara dos Deputados, por um parlamentar bolsonarista, o deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP).
“Eles [políticos da extrema direita] são ultra-fascistas. Não têm a menor condição humana e civilizatória de conviver com os diferentes, conviver reconhecendo o legado de luta de outros segmentos populacionais. Então, nosso papel é denunciar, fazer com que as leis vigentes em nosso país punam e que essa gente não seja reeleita. Eles não podem ser representantes do povo nesses espaços porque senão é a barbárie legitimada, neofascismo legitimado e isso não vai levar a população a um bom termo”, diz a presidenta da Unegro.
Outras atividades também integram a programação do Dia da Consciência Negra em Salvador. Uma delas é a 40ª Marcha da Consciência Negra, que acontece na tarde desta quarta-feira, no Centro da capital.