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Álvaro diz que realizou sonho ao entregar título a Jorge Amado

9 dezembro, 2014

Ao conceder (in memoriam) o Título de Cidadão Benemérito da Liberdade e da Justiça Social João Mangabeira ao escritor Jorge Amado, na tarde da última quinta-feira (4/12), no plenário da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), o deputado Álvaro Gomes (PCdoB) realizou dois sonhos:
Primeiro, o de condecorar “um dos maiores escritores do mundo” com a maior honraria do Legislativo estadual. Segundo, o de vê reafirmado pelos herdeiros diretos do autor de Dona Flor e seus dois Maridos a convicção de que Jorge Amado jamais deixou de ser comunista. Em 1955, o marido de Zélia Gattai afastou-se do Partido Comunista.
“Esta homenagem tem sabor especial. Liberdade e justiça social são valores que não podem ser dissociados da vida de meu avô”. A declaração de Jorge Amado Neto ecoou como um bálsamo numa certeza latente do parlamentar proponente da sessão especial, assim como nos demais comunistas presentes.
“A essência de Jorge Amado nunca se modificou. Gabriela, Cravo e Canela (1958), segundo ele próprio, foi uma afirmação, e não uma mudança de rota”, disse Álvaro Gomes, referindo-se ao romance em que o escritor passa a dar mais relevo ao “humor, à sensualidade, à miscigenação e ao sincretismo religioso” em sua obra em relação ao caráter político.
Mundo solidário
“Homenagear Jorge Amado significa sonhar, acreditar, manter vivos ideais, a convicção de que podemos construir um mundo em que todos possam viver com dignidade…”, declinou sua satisfação o deputado.
O comunista falou do acervo literário do homenageado e elencou os seus muitos títulos internacionais. Jorge Amado ocupou a cadeira nº 23 da Academia Brasileira de Letras, que tem como patrono José de Alencar, e como primeiro ocupante Machado de Assis. O deputado ainda confessou que a trilogia Os Subterrâneos da Liberdade – Os Ásperos Tempos, Agonia da Noite e A Luz no Túnel -, foi muito utilizada no trabalho de recrutamento de militantes para o PCdoB.
Álvaro Gomes leu ainda a crônica Retalhos de um Amado – do mesmo autor desta matéria -, construída a partir dos títulos de algumas obras de Jorge Amado.
João Jorge Amado observou que o título concedido pela Assembleia Legislativa tem muito a ver com a luta de uma vida inteira do seu pai contra a opressão e o capitalismo. Ele lembrou as condições em que foi escrito Subterrâneos …., ocasião em que Jorge Amado teve o mandato cassado, em 1948.
Jorge Amado Neto, por sua vez, ressaltou que o título vem coroar a história do avô, e o legado que ele deixou para a sociedade. Amado Neto também salientou a forma como Jorge Amado se valeu da literatura, através da construção dos seus personagens, para fazer a defesa dos desvalidos, de questões ambientais e o combate ao preconceito.
O cantor e compositor Gerônimo prestou sua homenagem ao escritor cantando músicas de sua autoria, intercalando com confissões de encontros que teve com o autor de Tieta do Agreste, e sobre sua admiração ao homenageado. Jubiabá, D’Oxum e Amor distante foram as músicas cantadas.
Além dos familiares, a mesa foi composta ainda pelo presidente e pela diretora executiva da Fundação Casa de Jorge Amado, Arthur Sampaio e Mirian Fraga, respectivamente; e pelo diretor da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Walter Lessa. No plenário, uma gama de amigos, admiradores, comunistas e pessoas do mundo literário no Estado.
 
Fonte: Ascom/ Álvaro Gomes

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