Notícia

Ato reúne estudantes e ex-presos políticos no Forte do Barbalho

18 março, 2015

Uma manifestação em defesa e manutenção da liberdade. Com esse intuito foi realizado o ato Viva a Democracia, que lembrou os 30 anos sem ditadura no Brasil, na tarde desta terça-feira (17/3), no Forte do Barbalho, um dos principais centros de tortura militar em Salvador. O evento contou com a presença de intelectuais, estudantes, ex-presos políticos e familiares dos torturados pelo regime.
Com uma apresentação inicial do Levante Popular da Juventude, a iniciativa proporcionou aos presentes uma aula pública sobre o Fim da ditadura e redemocratização do Brasil, com os professores Marcelo Mascarenhas e José Carlos de Souza, este último preso aos 17 anos e torturado na Penitenciária Lemos de Britto, nos anos 60.
Fazendo uma análise sobre as manifestações que incitam a realização de um golpe no país, Mascarenhas disse que “essa mídia que se diz defensora da população é a mesma que manipula e é aliada das grandes instituições financeiras, que não apoia reforma política e nem a fiscal. Precisamos lutar contra o golpismo e a favor do povo brasileiro.”
Na sequência, o tema Justiça de transição, memória e verdade foi exposto pelo jornalista, ex-preso político e integrante da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, Ivan Seixas. Na ocasião, ele lembrou dos primeiros mortos pelo regime. “Foram dois jovens de Pernambuco, que tentavam proteger a vida do governador Miguel Arraes. Depois disso, sabemos o que aconteceu”.
Para Ivan, faltou a realização de uma justiça de transição durante o fim da ditadura. “Primeiro vem a Memória, aonde precisaríamos listar todas as vítimas e as circunstâncias em que morreram. Depois, a Reparação, pois muito perderam seus empregos, outros foram mutilados. Famílias ficaram desamparadas.”
Diversas apresentações culturais aconteceram durante a tarde e, a noite, foi realizado o lançamento do livro de Emiliano José, Oldack Miranda, Joviniano Neto, Rui Patterson, Paulo Martins, Roberto Ribeiro Martins e Carlos Pronzato sobre a ditadura militar no país.
Preso durante a ditadura, Rui Patterson falou sobre o período em que foi torturado no Forte do Barbalho. “Eram as mais variadas formas de tortura. Espancamento, ficar preso em pau de arara até ter os dentes furados por brocas de dentista, que só paravam quando eu desmaiava.”
A escolha do Forte do Barbalho para sediar a iniciativa se deu porque o local foi um dos maiores centros de tortura dos presos políticos no país. Segundo Diva Santana, vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, existe a proposta de transformar o forte em um memorial de resistência da ditadura, justamente por todos os abusos que ocorreram no local.
Mostra Fotográfica
No local, os presentes puderam conhecer uma mostra fotográfica com imagens que retratam as atrocidades cometidas durante a ditadura. As fotos, cedidas por familiares e torturados do regime, são expostas em entidades e escolas, que oportunizam a realização de aulas educativas sobre o período.
 

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