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Aurino Pedreira: Se persistir ofensiva, haverá uma greve nacional

5 maio, 2015

aurino 1 de maio

Aurino no ato do 1º de Maio em Salvador


O presidente estadual a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Aurino Pedreira, que também é secretário sindical do PCdoB na Bahia, integra com protagonismo as mobilizações no estado contra o que ele chamou de ‘ofensiva contra os trabalhadores’. Ele se refere às Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665, que alteraram benefícios previdenciários, e ao Projeto de Lei (PL) 4330, que regulamenta e amplia a terceirização, já aprovado na Câmara Federal e em trâmite no Senado.
Nas atividades do último 1º de Maio, o foco foi a crítica ao PL da Terceirização, que, para Aurino, “rasga a CLT e precariza as relações de trabalho”. Pela proposta, será possível terceirizar as atividades-fim (relacionadas à finalidade de determinada empresa, por exemplo a contratação de professores terceirizados por uma faculdade). Atualmente, como não existe lei específica, o entendimento da Justiça do Trabalho é de que somente podem ser terceirizadas as atividades-meio (como a limpeza).
As mobilizações pela manutenção dos direitos dos trabalhadores continuam e, no próximo dia 29 de maio, será realizado um ato nacional, em mais uma tentativa de pressionar o Congresso Nacional para a abertura do diálogo com os trabalhadores. “O que queremos é diálogo”, pontuou o presidente da CTB-BA. Para caso a voz da classe não seja ouvida, já é sinalizada, segundo ele, a construção de uma greve nacional, contra “o desmonte a tudo que foi construído pelos trabalhadores no país, ao longo de sua história”. Confira os principais trechos da entrevista.
Mobilizações na Bahia
Nós estamos acompanhando as discussões que as centrais sindicais em nível nacional estão tendo. Aqui na Bahia, já realizamos alguns atos importantes, com grande repercussão entre os trabalhadores e politicamente, em relação ao estado. Fizemos com que parlamentares refletissem a posição que tinham tomado em relação a ser contra o (PL) 4330, da Terceirização, que quer retomar ao início do século XX e rasgar a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e precarizar as relações de trabalho. O 1º de Maio foi o último ato que nós fizemos e o ponto central das discussões foi o PL 4330.
29 de maio
Nós estamos nos organizando em torno da preparação do dia 29 de maio. Nós teremos um grande ato em nível nacional, mas a Bahia seguramente vai fazer um ato muito forte de manifestações amparadas em seguimento econômicos, durante todo o dia, nas empresas do estado, com possíveis grandes caminhadas também. Vamos sentar com as centrais sindicais porque pretendemos fazer um ato até mais forte do que o último realizado, exatamente para demonstrar à sociedade e à imprensa o posicionamento em relação ao 4330.
Pressão
Durante o curso disso, haverá também um caminho pra gente ampliar nossa panfletagem nas fábricas, nos bancos, nas lojas, esclarecendo à população dos malefícios desse projeto pra sociedade. Vamos continuar denunciando os parlamentares, os deputados, que vão de encontro aos interesses dos trabalhadores, ou seja, todo um processo de repercussão política e, seguramente, teremos uma agenda com as centrais em nível nacional de ocupação de Brasília. Esperamos que o Senado coloque um pé no freio dessa medida que está aí.
Greve nacional
É toda uma construção que está sendo feita e essa luta é uma luta importante, que não se encerra. Estamos unificando os movimentos sociais e há uma sinalização, inclusive, se continuar essa ofensiva contra os trabalhadores, de construirmos uma greve nesse país, dependendo do desdobramento. Me parece que o Senado está abrindo para um maior diálogo e é o que nós queremos. Nós queremos desconstituir tudo isso que foi feito. O que foi aprovado no Congresso é de um retrocesso violento. Não é legalizar a situação dos terceirizados, é a possibilidade da generalização da precarização do trabalho. Isso é um desmonte a tudo que foi construído pelos trabalhadores no país, ao longo de sua história.
Otimismo
As centrais sindicais tiveram uma reunião com o presidente do Senado (Renan Calheiros, PMDB) e ele sinalizou uma possibilidade de diálogo. A partir daí, também teria sinalizado a contrariedade da terceirização das atividades-fim, que é o coração do projeto que está aí. Aqui na Bahia, os três senadores (Otto, Lídice e Pinheiro) têm se posicionado a favor dos trabalhadores. Então, há um movimento importante no Senado, que tem um histórico de ser conservador, mas me parece que está aberto a essa discussão, até porque várias instituições têm se manifestado contrárias de uma forma muito clara, como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), o TST (Tribunal Superior do Trabalho). A presidenta Dilma, no discurso do 1º de Maio, pontuou que é inadmissível terceirizar a atividade-fim.
Luta continua
Então, os caminhos se abrem e isso se deve muito ao processo de mobilização, construído a partir dos trabalhadores para esse enfrentamento. Nós precisamos continuar sobre essa pressão, que essa pressão pode desfazer esse projeto, que nos parece ter sido um ajuste de contas que boa parcela do parlamento dos deputados recém-eleitos tinha com o setor empresarial. Ou seja, eles estavam pagando a conta. Isso não podemos concordar e não vamos aceitar.
 
Entrevista – Erikson Walla
Foto – Ascom/CTB
 

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