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Brasil recebe pela 1ª vez Assembleia Mundial da Paz e será no Nordeste

31 maio, 2016

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O jornalista Wevergton Brito Lima – lê-se Ueverton -, integrante da Comissão Nacional de Política e Relações Internacionais do PCdoB, esteve em Salvador, na última semana, para discutir a realização, no Brasil, da Assembleia Mundial da Paz, em novembro. Essa é a primeira vez, em mais de 60 anos, que o encontro do Conselho Mundial da Paz acontece no País.
Pessoas de todos os continentes estarão reunidas, entre os dias 17 e 20 de novembro, na cidade de São Luís, capital do estado nordestino do Maranhão, para debater a solidariedade aos povos e a promoção da paz. Escolhida como entidade anfitriã, o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), que também fará sua assembleia nacional na ocasião, trabalha na mobilização para o evento.
Wevergton defendeu que é preciso mirar as atenções para a Assembleia Mundial da Paz porque ela acontece em um momento de significado importante, em que os impactos do avanço das forças conservadoras se tornam pauta internacional. “[No encontro] todos estarão reunidos pela causa da paz mundial e justamente em um momento em que o mundo sofre uma ofensiva agressiva dos setores conservadores, promotores da guerra”.
Ele traçou um paralelo entre o avanço do conservadorismo, com fortes reflexos no Brasil e na América do Sul, com o capitalismo e o imperialismo. Para Wevergton, a defesa e a promoção de conflitos, pauta recorrente entre grupos conservadores, tem como aliado um mercado bélico milionário, que atua, conjuntamente, com a indústria da comunicação e as finanças.
“A agressividade do imperialismo, além de ter causas econômicas muito visíveis, torna a coisa mais dramática. Hoje, se pode dizer que o capitalismo não é um sistema compartimentado em interesses estanques. Os interesses das transnacionais estão ligados uns aos outros e a indústria bélica é um fator preponderante desses interesses. Então, a necessidade que haja guerras, que haja mortes, é um componente evidente do capitalismo, do imperialismo”, argumentou.
Apesar do revés das forças progressistas, o jornalista diz ser otimista e acredita que a Assembleia Mundial da Paz no Brasil pode contribuir para elevar o debate com um viés humanitário, de solidariedade e soberania. “Essa é uma grande oportunidade para o Partido Comunista do Brasil e para aqueles que lutam, independente de partido, fazerem com que a bandeira do anti-imperialismo sobressaia”.
Cenário brasileiro
Na passagem pela capital baiana, Wevergton também analisou o cenário político brasileiro, diante da atuação do Congresso Nacional, considerado o mais conservador desde a ditadura de 1964, e do afastamento da presidenta Dilma Rousseff. Para ele, o Brasil, que vinha construindo uma imagem prestigiada junto à comunidade internacional, deu muitos passos atrás.
“Esse governo [de Michel Temer] assume sob o repúdio da maioria da opinião pública mundial. Mesmo a OEA [Organização dos Estados Americanos], que sempre repercutiu interesses americanos, o secretário-geral disse que é golpe. O golpe foi tão nítido que até a imprensa burguesa, como o New York Times, disse que é golpe. Isso reduz e muito o prestígio do Brasil, onde o que vale é o vale-tudo. A imagem foi arranhada, mas eles vão se articular”, defendeu.
Ele também criticou a postura de José Serra, ministro das Relações Exteriores, que, no discurso de posse, não citou a UNASUL (União de Nações Sul-Americanas) e pelas ameaças aos países que criticaram o processo de impeachment de Dilma. “Quer tirar o apoio técnico a El Salvador, que é pobre e depende do apoio20160525_141219, porque o país disse que foi golpe. Olha o nível de arrogância. A gente vai ter um governo que fala fino com Estados Unidos e fala grosso com El Salvador”.
Na avaliação do jornalista, os novos representantes do Brasil se encontram isolados no cenário internacional, “por conta do golpe que foi tão claro e tão sem pudor”.

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