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Cerca de 1,5 mil artistas assinam manifesto contra as ameaças à democracia

22 março, 2016

O manifesto em defesa do estado democrático de direito no Brasil se diz contrário também às “listas negras” e “contra as perseguições e boicotes à liberdade de expressão e seus possíveis impactos na livre circulação das ideias”. Critica ainda o que chama de “tomada de partido por setores do Poder Judiciário”.
O texto foi publicado no site de organização de campanhas Avaaz. As assinaturas foram colhidas em grupo de Facebook chamado Escritores e Profissionais do Livro pela Democracia, criado no último sábado (19/03). A iniciativa veio na esteira da polarização do debate político, por causa dos desdobramentos da Operação Lava Jato, envolvendo a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O texto diz que não é possível “imaginar a livre circulação de ideias em outra ordem que não seja a da diversidade democrática, gozada de forma crescente nas últimas décadas pela sociedade brasileira, que é cada vez mais leitora e tem cada vez mais acesso à educação”. “Ainda podemos nos recordar facilmente dos tempos obscuros da censura às ideias e aos livros nos 21 anos do regime ditatorial iniciado em 1964”.
Conforme o documento, a “necessária investigação de toda denúncia de corrupção, envolvendo a quem quer que seja, deve obedecer às premissas da legalidade e do Estado democrático de direito”. “O retrocesso e a perda dos valores democráticos não interessam à maioria do povo brasileiro, no qual nos incluímos como profissionais dedicados aos livros e à leitura.”
O manifesto fala ainda de “violação dos direitos à privacidade, à livre manifestação e à defesa, combinadas à agressividade e intolerância de alguns, e à indesejada tomada de partido por setores do Poder Judiciário”.
O texto convoca manifestações de “resistência” em espaços públicos. “Dizemos não a qualquer tentativa de golpe e, mais forte ainda, dizemos sim à Democracia.”
Em breve a petição estará disponível para o público em geral no site de petições eletrônicas Avaaz. “Não podemos imaginar a livre circulação de ideias em outra ordem que não seja a da diversidade democrática, gozada de forma crescente nas últimas décadas pela sociedade brasileira, que é cada vez mais leitora e tem cada vez mais acesso à educação”, diz trecho do texto em defesa do Estado Democrático de Direito.
Assinam, entre outros, Antônio Cândido, Chico Buarque, Slavoj Zizek, Moniz Bandeira, Milton Hatoum e Raduan Nassar, Alberto Schprejer, Daniel Louzada, Haroldo Ceravolo, Ivana Jinkings, Marcelo Moutinho e Rogério de Campos, Bernardo Carvalho, Laerte, Elisa Lucinda, Leonardo Padura, Angélica Freitas, Lira Neto.
Com informações do jornal O Estado de São Paulo
 
Leia a íntegra do texto abaixo:
Escritores e profissionais do livro pela democracia
Nós, abaixo assinados, que escrevemos, produzimos, publicamos e fazemos circular o livro no Brasil, vimos nos manifestar pela defesa dos valores democráticos e pelo exercício pleno da democracia em nosso país, de acordo com as normas constitucionais vigentes, no momento ameaçadas.
Não podemos imaginar a livre circulação de ideias em outra ordem que não seja a da diversidade democrática, gozada de forma crescente nas últimas décadas pela sociedade brasileira, que é cada vez mais leitora e tem cada vez mais acesso à educação.
Ainda podemos nos recordar facilmente dos tempos obscuros da censura às ideias e aos livros nos 21 anos do regime ditatorial iniciado em 1964.
A necessária investigação de toda denúncia de corrupção, envolvendo a quem quer que seja, deve obedecer às premissas da legalidade e do Estado Democrático de Direito.
O retrocesso e a perda dos valores democráticos não interessam à maioria do povo brasileiro, no qual nos incluímos como profissionais dedicados aos livros e à leitura.
Ao percebermos as conquistas democráticas ameaçadas pelo abuso de poder e pela violação dos direitos à privacidade, à livre manifestação e à defesa, combinadas à agressividade e intolerância de alguns, e à indesejada tomada de partido por setores do Poder Judiciário, convocamos os profissionais do livro a se manifestarem em todos os espaços públicos pela resistência ao desrespeito sistemático das regras básicas que garantem a existência de um Estado de Direito.
Dizemos não a qualquer tentativa de golpe e, mais forte ainda, dizemos sim à Democracia.

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