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Comunistas da Bahia discutem empoderamento das mulheres e eleições

19 março, 2016

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O IV Encontro de Mulheres do PCdoB, realizado pela secretaria Estadual de Mulheres, neste sábado (19/03), reuniu militantes de diversas partes do estado, a exemplo do Recôncavo, Região Metropolitana e Sudoeste, além da capital. Com o tema Comunistas na Bahia: honrar a tradição e avançar na luta, tinha como objetivo primordial discutir a necessidade de ampliação da participação das mulheres nos espaços públicos de decisão.
Após as saudações do presidente estadual da CTB, Aurino Pedreira, da presidente estadual da UBM, Patrícia Vieira, e da representante da SPM-BA (Secretaria de Políticas para as Mulheres), Carla Ramos, o encontro foi dividido em três mesas.
A secretária nacional de Mulheres do PCdoB, Liége Rocha, compôs a primeira mesa junto com a secretária estadual de Mulheres, Alice Portugal, que fez uma análise sobre conjuntura. Liége destacou as conquistas obtidas nos últimos 15 anos, como o Pacto contra a mortalidade materna, o Programa nacional pela saúde das negras e lésbicas, entre outros programas sociais que, segundo ela, não são meras benesses do governo. Mas, resultado da luta incessante dos movimentos sociais de gênero.
Ela falou também sobre os desafios políticos, como a reversão do quadro de baixa representatividade nos espaços públicos de decisão nas próximas eleições. Para isso, é preciso vencer o conservadorismo, que tem imposto retrocessos, e promover a ampliar a autonomia feminina. “Isso somente será possível com uma militância aguerrida para fortalecer a nossa estrutura partidária, enquanto gestor de movimentos sociais. O papel das mulheres é preponderante na organização do partido”.
A deputada Alice Portugal tratou sobre a cenário atual do país, destacando os fortes atentados contra a democracia, por conta do incômoda elite devido às conquistas sociais do povo brasileiro. Para Alice, é preciso ter mulheres conscientes do papel na sociedade, e os eixos deste debate são defesa da democracia, combate ao impeachment, luta para que o ajuste fiscal não comprometa as finanças dos trabalhadores, defesa da plataforma das mulheres.
“Nós comunistas sempre demos uma grande contribuição na afirmação da mulher enquanto cidadã. Temos elegido vereadoras, deputadas, senadoras, mas somos as primeiras a sentir o grau de dificuldade que é manter uma mulher na política. No poder local é mais simples. Já no nacional, não. É algo extremamente complicado, porque a dupla jornada também alcança as militantes. São vários fatores que, lamentavelmente, impedem a mulher ter esse processo de ascenso, inclusive o machismo nos partidos”.
Portanto, ela reforçou a necessidade de lutar para que, nesse momento político em que vive o Brasil, a democracia se afirme, mesmo diante da tentativa efetiva de destruir as instituições, a representatividade legítima, com o processo de impeachment contra a presidenta Dilma.
20160319_121139 (1)A segunda mesa discutiu empoderamento, ressaltando as vertentes de classe social, raça, orientação sexual, identidade e geração, a partir das explanações da socióloga Mary Castro, a dirigente do PCdoB Bahia, Julieta Palmeira, e Ubiraci Matildes, do Fórum de Entidades Negras e do Comitê Técnico de Saúde da População Negra da Bahia.
Mary reforçou que os quadros precisam estar preparados para os debates. Por isso, é fundamental ter conhecimento teórico, através dos cursos ministrados pela Escola de Formação. “A emancipação da mulher se dará com a emancipação humana. Isso significa que precisamos de homens e mulheres novos, engajados e com objetivos definidos”.
Além disso, ela alertou que a opressão das mulheres está em todas as classes sociais e tem de ser combativa mais efetivamente. “Temos que viver de acordo com a filosofia política que escolhemos e acreditamos. Um comunista não pode pregar uma coisa para fora e não mudar a sua relação consigo mesmo”, concluiu a socióloga.
Julieta Palmeira considerou o conservadorismo como um dos principais empecilhos ao processo emancipatório, que depende da combinação entre a consciência, o gênero, a classe social e a raça. Essas relações possuem suas próprias instâncias. “O empoderamento é a questão central para nós. A luta pela violência é importante, mas é decorrente da ausência de mulheres nos espaços públicos de decisão na sociedade, no poder, mesmo sendo maioria”.
Segundo a dirigente estadual, é isso que precisamos reverter urgentemente. Pois, todas as questões relativas à submissão feminina está diretamente ligada à autonomia financeira e a emancipação.
Ubiraci completou que a consciência de gênero, para que o debate sobre o emancipacionismo avance, precisa começar dentro do próprio PCdoB, para que os movimentos sindical e social passem adiante. “Precisamos levar nossas pautas para as mesas de negociação. As mulheres negras são maioria na Bahia. A questão é: como vamos levar essa transversalidade para o nosso cotidiano?. Para isso, está sendo criado hoje o Fórum Permanente”.
Fechando os debates do dia, o advogado do PCdoB Bahia, Vandilson Costa, e a vereadora Aladilce, secretária de Mulheres do Comitê Municipal de Salvador, apresentaram as modificações na legislação eleitoral, que prevê a proibição do financiamento privado de campanha, por exemplo. As novas regras já valem para o pleito de outubro próximo.
Para Costa, a grande sacada para o sucesso é a arrecadação individual e coletiva, de iniciativa do Partido. Sendo o maior desafio arrecadar esses recursos financeiros, suficientes para eleger nossos candidatos, ele sugeriu que a militância e as direções de comitês terão de ser bastante criativas para impulsionar as campanhas.
De acordo com a secretária municipal, esta também será uma preocupação das mulheres, que sempre jogara papel fundamental das campanhas eleitorais e, consequentemente, será pauta do Fórum Permanente do Estado. Vandilson completou ainda que a internet deve ser uma plataforma explorada para facilitar a arrecadação.
Após os debates, foi instituído o Fórum Permanente de Debate sobre a Emancipação e Empoderamento das Mulheres do PCdoB Bahia.

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