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Daniel Almeida: Lava Jato é seletiva e impede retomada do crescimento

29 fevereiro, 2016

 
O deputado federal Daniel Almeida, presidente estadual do PCdoB-BA e líder da bancada do partido na Câmara Federal, comentou os desdobramentos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), que já chegou à 23ª fase, na última semana. Para ele, a operação é seletiva e tem por finalidade “interromper o projeto político liderado pelas esquerdas no Brasil” e a retomada do crescimento econômico.
Sobre a seletividade, Daniel apontou, como exemplo, a diferença de tratamento dada pelos investigadores aos ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso. “Quando há fatos até mais graves envolvendo o ex-presidente Fernando Henrique ou outros líderes políticos que já tiveram seus nomes citados em delação premiada, como o Aécio [Neves], na semana seguinte já se esquece da investigação”.
O parlamentar ainda alertou para o risco da queda do projeto político em curso para o Brasil, para os trabalhadores e para a democracia. Ele defende que, uma vez de volta ao poder, a oposição irá impor ao País uma agenda regressiva, que atingirá, principalmente, os trabalhadores. Confira os principais trechos da entrevista de Daniel Almeida sobre a Lava Jato:
 
Preocupação
[Eu e a bancada do Partido vemos] Com muita preocupação e muito atentos com os desdobramentos e os riscos que esses desdobramentos produzem para a vida política e econômica no nosso País. Está em curso e continua em curso uma ação deliberada, orquestrada, organizada para interromper o projeto político liderado pelas esquerdas no Brasil. O foco hoje é continuar apostando no impeachment da Dilma, o que caracteriza a ação golpista, ou via Congresso Nacional, que é mais difícil, ou apostando na decisão do TSE [Tribunal Superior Eleitoral] sobre a cassação da chapa. Não existem fatos, mas, a cada dia, se busca produzir argumentos par atingir esse objetivo.
Seletividade
Um outro foco é o ataque ao [ex-]presidente Lula, que tem sido linchado publicamente, com investigações que têm um caráter seletivo. Investiga a chácara, o apartamento que seria do Lula, sem que haja nenhuma prova a esse respeito, com uma exposição dele no cotidiano, na mídia, quando há fatos até mais graves envolvendo o ex-presidente Fernando Henrique ou outros líderes políticos que já tiveram seus nomes citados em delação premiada, como o Aécio, na semana seguinte já se esquece da investigação. Isso vai se caracterizando uma tentativa de destruir Lula e destruir Lula significa destruir o projeto da esquerda, significa impedir que esse projeto, que foi vitorioso e trouxe bons e importantes resultados para a vida do nosso povo, tenha perspectiva de continuar no País.
Agenda da oposição
Esse é o risco maior, ou seja, o risco à nossa democracia e às regras do jogo, ao avanço do projeto que trouxe programas sociais, elevação da renda do povo, distribuição da riqueza em todos os aspectos, para colocar no lugar o quê? Esse é o grande debate que temos acompanhado hoje. Qual é a agenda? A agenda que eles propõem é a agenda do retrocesso, de mudar a legislação do petróleo para voltar às concessões, ao invés da partilha, tirar a Petrobras da operação do pré-sal, o que significa abrir mão de tecnologia e do papel da Petrobras com caráter estratégico que ela tem. A agenda que eles propõem é do debate sobre a terceirização, o Banco Central independente, acabar com o perfil de estatais brasileiras, estabelecendo que todas vão se comportar como S/As, abrindo portas para a privatização. Já se discute mudanças nas políticas sociais e, inclusive, o encerramento da política de valorização do salário mínimo.
Lava Jato e trabalhadores
O Brasil corre um risco muito grande e qual é o instrumento político que estimula golpismo? Tudo está em torno da Lava Jato, que virou um centro de poder no nosso país, de caráter seletivo, centrado na destruição do nosso projeto, criando um ambiente que impede a retomada do crescimento econômico. O grande prejudicado nisso tudo são os trabalhadores, é o nosso povo, é a própria nação, que perde emprego, perde atividade econômica, desmonta empresas, agride a engenharia nacional. A Lava Jato tem produzido resultados absolutamente danosos ao interesse nacional e ao povo mais pobre do nosso país.
Corrupção
Nós somos sempre a favor da investigação de fatos de corrupção, de punição de corruptos, implacáveis com a punição de corruptos, não tenha dúvida, mas não se pode, a pretexto de fazer isso, fazer de forma seletiva e de forma a produzir tantos danos à economia do nosso país e à sociedade brasileira. Se quer identificar corruptos e colocar na cadeia, faz isso sem matar as empresas, para isso nós temos que aprovar, rapidamente, a legislação que estabelece o acordo de leniência, exatamente para garantir que as investigações sejam feitas, as empresas paguem o preço que tiverem que pagar pelo malfeito, mas que continuem operando, realizando obras no País, gerando empregos, fazendo os contratos para dinamizar a nossa economia porque se as empresas brasileiras não fizerem isso, quem é que vai fazer? Nós vamos trazer empresas multinacionais? Quem é que diz que elas são mais idôneas, mais sérias e competentes do que as nossas? Em quanto tempo isso seria feito? E o dano à soberania nacional?
Mobilização
Portanto, esse é um debate fundamental. Entendemos que a crise é muito profunda, muito grave e o povo Brasileiro está chamado a refletir sobre ela e a se mobilizar, a sociedade, os trabalhadores, o movimento social, para impedir que o golpe se consolide e que a agenda negativa e retrógrada seja afirmada como caminho que eles estão apontando e que é o caminho do retrocesso. Os trabalhadores não devem ter dúvidas sobre o risco de tirar esse governo e entrar um governo mais atrasado, mais danoso os interesses dos trabalhadores, mas também não podem aceitar que o governo assuma uma agenda e tente encaminhar uma agenda que não interessa aos trabalhadores e que não resolve os graves problemas do País.
 
 

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