Notícia

Debate sobre mulher e democracia trata da conjuntura política do país

19 abril, 2016

Na noite da segunda-feira (18/4), a Reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA) sediou o debate “O empoderamento das Mulheres, a Mídia e a Luta pela Democracia”. Realizado pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos das Mulheres da Bahia (CDDM), com o apoio da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Bahia (SPM-BA) e da UFBA, o evento contou com a presença de cerca de 300 pessoas, que debateram a situação política do país.
O reitor da UFBA, João Carlos Salles, fez uma breve saudação ao público, afirmando a sua satisfação em receber e apoiar um evento com o objetivo de analisar a crise nacional e o estado democrático de direito, tendo foco nas manifestações de machismo e misoginia.
O debate, moderado por Cássia Virgínia Maciel, pró-reitora de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil da UFBA, contou com a participação de Olívia Santana, secretária da SPM-BA e presidenta do CDDM; Nadja Vladi, jornalista e professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia; Fátima Oliveira, articulista do Portal Geledés e conselheira da Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe; Daniela Portugal, professora da UFBA; Rosangela Araújo, coordenadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (NEIM); e Anna Carvalho, professora de Literatura.
Daniela Portugal fez uma análise jurídica sobre a falta de igualdade de direitos e de situações em que as mulheres são desprivilegiadas, sofrendo por leis que não as protegem. Sobre o atual cenário do país, ela ressaltou que as violências sofridas pela presidenta Dilma Rousseff atingem a todas as mulheres, tornando cada vez mais necessária a participação das mesmas no debate político.
Para Fátima Oliveira, a conjuntura política atual é dramática para as mulheres. “O que está sendo feito com a presidenta Dilma Rousseff está totalmente vinculado ao fato de ser uma mulher, pois é um tipo de violência jamais realizado com um presidente.”
A jornalista Nadja Vladi demonstrou seu descontentamento com o episódio da votação do impeachment da presidenta na Câmara dos Deputados no último domingo, e ressaltou o significado da realização de um debate como o daquela noite, por ser uma afirmação da resistência das mulheres.
Nadja citou diversos exemplos de desrespeito sofridos pela presidenta, sobretudo, por parte da imprensa brasileira, que tem se mostrado não apenas machista, mas, misógina. Concluiu que dentro deste panorama infeliz para as mulheres, o lado positivo é que a população está tendo condições de conhecer os representantes políticos que são eleitos e deveriam nos representar.
Rosangela Araújo, professora e coordenadora do NEIM, demonstrou a sua satisfação com os recentes debates promovidos pela UFBA, ressaltando a realização do encontro, por tratar da democracia do ponto de vista das mulheres. Ela ressaltou que apesar do atual momento delicado, instável e inseguro, permanece otimista pelo fato de algumas mudanças serem irreversíveis, como a participação e o interesse da juventude nas questões políticas e sociais, e as novas formas de compartilhamento de saberes que vêm sendo fortalecidas com a internet.
Anna Carvalho frisou em sua fala que a mulher precisa compreender o seu papel em desconstruir os lugares definidos como femininos. Em sua opinião, é preciso que a mulher cada vez mais tenha ciência da sua liberdade, sobretudo, sob seu próprio corpo, suas vontades e desejos. Ela considera que as mulheres estão saindo dos lugares empedrados a que sempre pertenceram, e que precisam mesmo valorizar a ligação que sempre foi feita entre elas e a justiça.
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Olívia Santana encerrou o debate afirmando que é imprescindível desvincular a exclusividade do poder ao universo masculino. Ela disse que a concepção patriarcal ainda faz com que mulheres que ultrapassam os limites impostos pela sociedade, sejam vistas como exceções e sejam tratadas fora dos parâmetros de igualdade.
Ela afirmou que a intolerância sofrida pela presidenta é fruto do machismo e da misoginia que atingem o país, e que por consequência, atinge a todas as mulheres, colocando em risco e deslegitimando as conquistas feministas. Para a gestora, é preciso tirar lições desta crise política, compreendendo que é necessária uma posição de resistência das mulheres, que devem sair da neutralidade e buscar uma posição de participação e luta.
Neste aspecto, a pró-reitora Cássia Virgínia Maciel ratificou as palavras da secretária afirmando que o que tem acontecido no cenário político brasileiro e o episódio da votação do impeachment da presidenta apenas serviu de impulso para que a luta continue ainda mais firme.
O debate contou com a participação do público, que fez considerações e perguntas às debatedoras. A estudante Maria Helena Sanches, 21 anos, afirmou que apesar das influências de sua mãe para participação na vida política, apenas com a atual situação do país, passou a ter interesse pelo assunto. Afirmou que o debate foi o primeiro evento que participou sobre o tema ‘mulheres e democracia’, e que foi uma experiência enriquecedora, sobretudo, para jovens como ela cheias de desejo de mudanças.
Com informações da SPM-BA
 

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