Em 1986, quando o Brasil ainda tentava se libertar do ranço conservador da ditadura militar (1964-1985), Caetano Veloso lançava o álbum ‘Totalmente demais’, que chamou atenção por uma música que conclamava a luta pelo direito às relações afetivo-sexuais livres, afastado das amarras da cultura monogâmica. ‘Nosso estranho amor’ pregava que “Não importa com quem você se deite/ Que você se deleite seja com quem for/ Apenas te peço que aceite o meu estranho amor”.
Quase trinta anos depois, a questão, embora ainda não tenha sido aceita pela maioria dos brasileiros, permanece latente em discussões oriundas de mesas de bar à academia. E é sobre a liberdade de relações que trata o livro de crônicas ‘Adultérios na vida como ela é’ (Editora Mondrogo), do autor GalindoLuma, que será lançado em Salvador, nesta terça-feira (14/7).
São 11 crônicas que narram histórias reais de infidelidade moderna. O título, segundo o autor, é uma referência ao escritor e diretor de cinema norte-americano Woody Allen, que publicou o livro ‘Adultérios’, e ao escritor brasileiro Nelson Rodrigues, autor da série de crônicas ‘A vida como ela é’, mesmo nome de uma coluna dele no jornal, que já nos anos de 1950/60 tratava, entre outros temas, de casos de adultério.
A publicação faz uma homenagem à psicanalista Regina Navarro, autora de ‘O livro do amor’, que também defende o amor livre. Cada crônica de GalindoLuma traz na abertura um trecho de entrevistas da escritora. Sobre o livro de Regina, GalindoLuma escreveu que é uma “obra que todos os homens e mulheres deveriam ler, pois há a possibilidade real de cabeças fechadas se arejarem após a leitura”.
‘Adultérios na vida como ela é’, ainda de acordo com o autor, é uma tentativa de dar “uma singela contribuição para o debate sobre um tema que merece entrar na pauta o mais rápido possível: o fim da fidelidade nas relações sexuais, uma herança perversa do conservadorismo que teima em sobreviver”. GalindoLuma argumenta que a abertura para a possibilidade das relações livres resultará em um importante avanço civilizatório para a humanidade.
“Se a civilização moderna já conseguiu romper com a proibição do sexo antes do casamento e conquistar o direito ao divórcio em boa parte do mundo, se já usamos preservativos normalmente mesmo contra a orientação do santo papa, se já avançamos em muitos aspectos contra o obscurantismo religioso e o machismo, o passo seguinte é tornar natural o fato de pessoas terem dois ou mais parceiros”, escreveu o autor.
O lançamento do livro será na Confraria do França, no bairro do Rio Vermelho (Rua Lydio de Mesquita, número 43). A entrada é franca. Essa é a segunda publicação de GalindoLuma, que já lançou ‘Sacanagem é coisa séria’, em 2012.