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Militantes da Bahia comemoram os 31 anos da UJS

22 setembro, 2015

Era véspera de primavera quando um grupo de mais de 600 jovens se reuniu na Assembleia Legislativa de São Paulo para criar a União da Juventude Socialista, a UJS. A coincidência com a chegada da estação das flores, utilizada também para designar movimentos libertários, como a recente Primavera Árabe, por exemplo, era uma expressão do que queria aquela juventude embebida pela efervescência política do momento: afastar, de vez, as sombras do autoritarismo da ditadura militar (1964-1985) e participar da construção de um novo Brasil, justo, democrático e socialista.
Do primeiro encontro, em 22 de setembro de 1984 (a primavera tem início no dia 23), até o 1º Congresso, em 6 de fevereiro de 1985, em Curitiba (PR), foram cinco meses. Trabalhava-se na construção das bases para firmar a entidade nacional nos estados e municípios. A primeira diretoria, que teve Aldo Rebelo como presidente, contava com a presença de um baiano: Javier Alfaya, um dos fundadores da entidade, escolhido para ser o primeiro diretor nacional de cultura. Javier foi peça-chave para o estabelecimento da UJS na Bahia. Tornou-se o primeiro coordenador estadual.
Javier Alfaya conta que a União da Juventude Socialista partiu de “uma história muito bonita e importante” com a Viração, movimento, principalmente, universitário, com forte influência do PCdoB e com foco nas lutas estudantis e pelo fim da ditadura. Foi preciso ampliar a atuação, segundo ele, e abarcar questões maiores. “Queríamos apresentar uma proposta de Brasil, algo que falasse em socialismo, mas não com a mesma precisão trazida pelos documentos do PCdoB, até porque não éramos uma organização marxista”.
Em pouco tempo, a Bahia se tornou um dos principais estados com a atuação da juventude socialista. Um poeta baiano, Castro Alves, foi escolhido para ser patrono da entidade – o presidente de honra e símbolo é Che Guevara. A capital do estado, Salvador, sediou o 7º Congresso nacional, em 1994. Logo em seguida, no 9º Congresso, que aconteceu em São Paulo, um baiano chegou à presidência nacional da entidade: Orlando Silva Júnior, hoje deputado federal pelo PCdoB. Na seção estadual, rupturas importantes foram feitas: a Bahia teve o primeiro presidente gay (Juremar Oliveira) e a primeira mulher na presidência (Manuela Simões).
Como o processo de criação e consolidação da UJS coincide com a redemocratização no Brasil, a entidade foi protagonista na construção do novo país. Como o fim da ditadura, em 1985, a entidade integrou as forças populares que tiveram a tarefa de redesenhar a democracia. Estava sendo gestada uma nova Constituição Federal e era preciso indicar novos direitos e garantias, de modo a afastar as tentativas de retorno dos setores conservadores. No 2º Congresso, em Vitória (ES), a UJS travou um debate sobre ‘constituinte e juventude’ e as contribuições foram levadas a Brasília.
Dali em diante, a União se firmava como agente principal de todas as lutas populares que se seguiram na História recente do Brasil, especialmente nas relacionadas à juventude, como a conquista da redução da idade eleitoral de 18 para 16 anos, por exemplo. “A UJS é uma ferramenta de luta da juventude brasileira e, ao longo desse tempo, conseguiu alcançar inúmeras vitórias. São avanços civilizatórios, tanto no âmbito educacional quanto no âmbito mais geral”, afirmou Onã Rudã, presidente da entidade em Salvador.
Ao lado de Luciano Marques, o presidente estadual, Onã tem contribuído para continuar a história da entidade na Bahia e, ao mesmo tempo, para repensar os modos de atuação. A defesa de Onã é de que a UJS deve congregar, dentro de suas fileiras, a diversidade que caracteriza a juventude brasileira. “Participar dessa organização é ter a certeza de estar construindo um Brasil melhor e que a juventude é protagonista de um processo intenso de mudança. Somos a juventude que luta para construir o socialismo com nossa cara no Brasil”, continua Onã.
Nesta terça-feira (22/9), a UJS completa 31 anos de fundação e continua forte e atuante, diante dos novos desafios. Tanto, que orgulha novos e antigos militantes que ajudam/ajudaram a consolidar a entidade nos cenários nacional e estadual e a travar debates fundamentais sobre os temas mais caros à sociedade. Manuela Simões, a primeira mulher na presidência, entre os anos de 2010 e 2012, disse que a vivência na União trouxe um novo olhar para o mundo. “Foi através dela que consegui construir valores importantes em relação ao socialismo. São coisas que a gente leva para a vida toda”.
Javier Alfaya, o primeiro coordenador da UJS da Bahia, embora tenha críticas a uma ou outra decisão da nova geração, considera a entidade como um dos grandes patrimônios do PCdoB. “A UJS é para o PCdoB uma grande escola de formação de quadros políticos, de renovação de práticas e ideias. É uma experiência tão vitoriosa que outras correntes invejam esse que é um patrimônio nosso. Até o Lula já disse que queria se filiar à UJS”, brinca Javier, ao lembrar de um episódio em que o ex-presidente elogiou a entidade, após presenciar a garra com que a juventude do PCdoB conduziu um ato conjunto da esquerda.
Atualmente, a UJS nacional é presidida por Renan Alencar ‘Macaxeira’, do Amazonas. O próximo congresso vai acontecer no ano que vem.

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