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MULHER: Autonomia e emancipação, através de trabalho e remuneração dignos

6 março, 2015

Aumento da participação no mercado de trabalho em apenas 0,5% em um ano. Segundo dados da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) para  Região Metropolitana de Salvador, esta é a realidade das mulheres, que atualmente ocupam apenas 43,6% das vagas na RMS. Além disso, mesmo com algum avanço nos últimos anos, ainda existe uma enorme diferença entre os rendimentos de homens e mulheres.

Este quadro precisa ser mudado já. As mulheres precisam ter mais oportunidades de trabalho, e de uma forma mais igualitária. É esta marca que o PCdoB quer imprimir neste 8 de Março, Dia Internacional da Mulher: autonomia e emancipação, através do trabalho e remuneração dignos. “Não tenho dúvida que, para enfrentar as desigualdades de gênero, a violência, é preciso fortalecer a mulher, garantir a autonomia, o empoderamento. É isso que reposiciona a mulher na estrutura social”, afirma a secretária estadual de Políticas Públicas para as Mulheres e presidente do PCdoB Salvador, Olívia Santana.

Para a secretária, enquanto as mulheres só tiverem empregos vulneráveis e viverem situação precária no mercado de trabalho, invisíveis nas estruturas de poder, o cenário não vai mudar. “Precisamos garantir uma nova condição de vivência e sobrevivência das mulheres na sociedade. Se eu tenho um trabalho digno, qualificado, com melhor remuneração, eu tenho condição de garantir mais autonomia, por que eu fico mais fortalecida para enfrentar o machismo”, complementa.

Apesar de alguns avanços nos últimos anos, conquistados com muita luta, ainda existe uma enorme diferença entre os rendimentos de homens e mulheres. E as razões para a manutenção desta diferença tem a ver com a inserção mais precária da mulher no mercado de trabalho. Mesmo com escolaridade equivalente à dos homens, porém muitas vezes superior, elas são preteridas na hora das promoções e na ocupação de cargos de maior poder.

E esta discriminação de gênero faz com que a  participação feminina ainda seja muito pequena  em cargos de direção nas empresas e até no serviço público, com remuneração inferior. De acordo com Ana Georgina, Supervisora Técnica do Dieese na Bahia, em 1998, as mulheres recebiam em média 68,6% do rendimento médio dos homens. Ano passado, o índice chegou a 84,6%, mas ainda pode ser observada a desvalorização.

Por conta disso, a mulher tem buscado sua independência financeira através da economia solidária, que tem proporcionado grandes mudanças em suas vidas. Exemplo é Kátia Santos, que começou como empreendedora, em 2001, em uma cooperativa, e seis anos depois tornou-se gestora da Sesol (Secretaria de Economia Solidária da Setre). Atualmente, é gestora da Organização de Formação Pérola Negra, trabalhando em projetos com mulheres de terreiros.

De acordo com Kátia, mais de 90% dos projetos de economia solidária na Região Metropolitana de Salvador são geridos por mulheres. E o fundamental de a mulher se tornar empreendedora é que ela descobre várias outras coisas que a valorizam. Segundo a gestora, a maioria logo percebe a necessidade de retomar os estudos ou buscar novos saberes.

“A autonomia adquirida pela inserção no mercado de trabalho não tem preço. Voltar a estudar, sair da condição de dependência do companheiro, muitas vezes sofrendo violência doméstica, trabalhar para si e se autovalorizar não tem preço”, diz Kátia. Para ela, é assim que se dá a emancipação feminina.

Para Olívia, uma forma também de combater a discriminação é com a promoção da educação para a igualdade de gênero. Formar as novas gerações com uma nova visão sobre o papel da mulher, as novas relações entre meninos e meninas, para se ter a possibilidade de mexer no imaginário coletivo.

De Salvador,

Maiana Brito

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