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Seminário discute problemas de Salvador e caminhos para uma cidade melhor

23 maio, 2016

A manhã desta segunda-feira (23/05) foi marcada por um rico debate na Escola Politécnica da UFBA. As professoras e pesquisadoras Ana Fernandes (UFBA) e Débora Nunes (UNEB) falaram sobre os principais problemas da cidade e a necessidade de um governo conectado com a população e os movimentos sociais, no seminário “Da Salvador que temos à Salvador que queremos”, promovido pela Fundação Maurício Grabois.
A professora Ana Fernandes pontuou as questões que considera mais importantes para serem repensadas: desigualdade social, política econômica, mobilidade urbana e meio ambiente. Segundo ela, a disparidade de renda coloca Salvador entre os destaques negativos do país. Além disso, esta desigualdade se reflete no próprio visual da cidade, além da geografia.
Ela ponderou também que a política voltada para o imobiliário e o entretenimento tem dificultado o investimento em outras áreas de maior necessidade, sem contar que acaba deixando o governo refém dos empresários dos setores.
A questão ambiental também esteve entre os destaques, pois considerou que é gritante, principalmente com este projeto de PDDU em debate, que prevê o desmatamento de 30 quilômetros quadrados. Ana Fernandes apontou ainda que o ponto referente às áreas consorciadas constante no documento já estava previsto desde quando o prefeito assumiu a prefeitura, em 2013.
“Salvador é uma cidade marcada pela diversidade. Então, temos que pensar em propostas inovadoras, como a descentralização do poder. Embora saibamos que é difícil. É preciso também ter agilidade na gestão, saber ouvir e tomar decisões”, concluiu a pesquisadora.
Pegando o gancho da colega, Débora Nunes afirmou que o grande problema do governo federal, de esquerda, foi se tornar refém do modelo que vinha sendo praticado, e, para ela, as eleições municipais são a oportunidade de mostrar que é possível fazer diferente e apontar os caminhos para a mudança. Ela considera que, embora a política do prefeito ACM Neto ser moderna, a gestão econômica é catastrófica.
Ela apontou ainda que o PDDU, já citado por Ana Fernandes, não prepara Salvador para problemas ambientais em curso, uma cidade cercada pelo oceano em dois lados. E não é mais possível ignorar isso. “Tem que ser uma tarefa de todos, de cada ser humano.”
Segundo Débora, com a internet e a explosão das redes sociais, não será mais possível fazer política como antes. Com a conectividade, há uma multidão fazendo política pelas redes. Quem quiser fazer uma política progressista, de esquerda, vai ter que se articular com a sociedade civil, estar em sintonia ainda maior com os movimentos sociais, principalmente os que pensam a cidade, ser capaz de mobilizar essas pessoas.
“A integração com a luta por uma sociedade justa com a contemporaneidade da conexão é fundamental neste momento. Ninguém quer mais caciques. Nem de esquerda nem de direita. O que o povo brasileiro quer agora é uma política horizontal. Temos que conquistar a juventude”, alertou.
Débora comparou um governo à natureza, que funciona sob quatro aspectos: rede (conectividade), diversidade, aliança (horizontal) e ciclo (fluxo). Finalizou afirmando que tudo existe para superar as crises, se adaptar à lógica das coisas, e o grande segredo é a resiliência.
Ao lado da presidente municipal do PCdoB, Olívia Santana, do vice-presidente municipal, o arquiteto Javier Alfaya, e outras lideranças do partido e pré-candidatos à Câmara Municipal, a pré-candidata à prefeitura, Alice Portugal, afirmou que está antenada às considerações das professoras e que o seu projeto para Salvador será pautado nestas valiosas contribuições. Segundo a deputada federal, as intervenções a serem propostas para a capital baiana serão com o intuito de melhorar e facilitar as vidas dos soteropolitanos.

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