Notícia

SSA: Delegacias de atendimento à mulher passam por problemas

23 julho, 2015

Carência de efetivo, serviços defasados e inexistência de plantão 24 horas são problemas que comprometem o atendimento das Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (DEAM), em Salvador. “A maior dificuldade é não ter um número satisfatório de pessoas trabalhando, primeiro porque pela distância ninguém quer trabalhar aqui, segundo porque realmente não existe mesmo efetivo”, explica a delegada titular da DEAM de Periperi, Vânia Seixas.
Para a delegada, a realização de concursos é fundamental para proporcionar um atendimento com qualidade. Ao todo, a equipe da unidade de Periperi dispõe de duas delegadas, uma assistente social e três estagiários. “Uma delegacia como essa precisa funcionar 24 horas, mas nossa equipe trabalha de 8h às 18h, em dias de semana. Depois disso, quem entra é o plantão metropolitano”, explica.
A necessidade de um funcionamento 24 horas dá-se, segundo Vânia Seixas, em função dos horários que mais ocorrem agressões: a partir das 18h e nos fins de semana.  Em 2014, a DEAM de Periperi registrou 2.980 ocorrências, mas apenas 600 inquéritos foram apurados. Isso porque a falta de capacitação e sensibilização em relação à lei é outro problema apontado. “Os crimes que tratamos aqui têm um laço afetivo, o que dificulta que as mulheres sigam com a queixa contra os agressores”, relata a delegada.
Além do aumento de efetivo, a criação de mecanismos de deslocamento da vítima, um espaço eficaz e acolhedor para a mulher também são indicados como prioridade para as unidades. Segundo a delegada titular da DEAM de Brotas, Heleneci Souza, uma cultura de educação e prevenção precisa ser implantada nas comunidades. “Hoje utilizamos a política da punição, que na maioria das vezes, não soluciona os casos. É preciso que exista prevenção”, diz. 
Poder público
O suporte à mulher nas delegacias é discutido por diversos órgãos do poder público, entre eles o Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher do Ministério Público da Bahia (Gedem/MP-BA), Secretaria de Políticas para as Mulheres Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) e a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher (CDDM).
A CDDM, por exemplo, propõe políticas que visam, entre outras coisas, eliminar estereótipos sobre os papeis da mulher na sociedade. A presidente da Comissão, Aladilce Souza, acredita que é preciso que haja uma desconstrução da cultura machista. “O poder público precisa se empenhar para que homens de todas as faixas etárias cresçam respeitando o corpo feminino. Esse pensamento é fundamental para diminuirmos os registros de violência física, mental, psicológica e moral na sociedade”, defende.

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