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Tensão marca audiência pública na OAB sobre mortes no Cabula

26 fevereiro, 2015

Na manhã desta quinta-feira (26/02), centenas de pessoas participaram da audiência pública realizada na sede da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia (OAB-BA), para discutir a ação da Polícia Militar que resultou em 12 mortes na Vila Moisés, no Cabula, em Salvador, no último dia 06/02. O presidente da Ordem, Luiz Viana, afirmou que a OAB-BA vai acompanhar de perto as investigações.
A audiência foi marcada por debates acalorados e muita tensão, principalmente quando falaram que um policial estava armado no local. Luiz Viana chegou a pedir que, caso houvesse alguma pessoa com armas no auditório que se retirasse e ameaçou suspender a sessão, caso o clima de tolerância e respeito ao debate e as divergências não fosse mantido.
Familiares das vítimas, representantes de organizações sociais e policiais à paisana estiveram presentes no evento. Nenhum representante da Secretaria de Segurança Pública e do comando da Polícia Militar compareceu à sessão, que durou cerca de quatro horas, e foi solicitada por movimentos sociais da cidade.
Participaram, ainda, representantes de associações de policiais, vereadores, o ex-deputado estadual Capitão Tadeu e os secretários da Justiça, Geraldo Reis, e de Promoção da Igualdade, Vera Lúcia. Após intensos debates, ficou pactuado a realização de duas audiências públicas, sendo uma para discutir a morte e segurança de policiais militares e outra para discutir os limites do poder de Polícia Militar.
Geraldo Reis afirmou que já está agendada uma reunião com o governador Rui Costa para tratar das investigações das mortes durante a operação. Entretanto, ainda não há datas fixadas. Luiz Viana afirmou que levará todas as solicitações dos movimentos sociais para o governador, como dar maior transparência as investigações e garantir que todo processo respeite os princípios da legalidade.
Na audiência, ainda foi discutido a desmilitarização, a discriminalização das drogas e o fim dos autos de resistência. De acordo com Viana, a audiência foi bastante extensa e profunda. Além disso, ele acredita que a quantidade de pessoas presentes demonstra que há um anseio da sociedade de discutir a questão da segurança e mostrar que existem contradições de entendimento sobre qual é a melhor política de segurança pública para a Bahia e para o país.
Ativistas ameaçados
O representante do movimento Reaja ou Será Morto – Reaja ou Será Morta, Hamilton Borges, afirmou que o movimento “representa mães que perderam filhos nessa guerra” e “mães que perderam filhos, que são membros da polícia”. Para ele, policiais não podem sair de suas casas, “em locais pobres, para ir combater pessoas que parecem com eles”.
Borges ainda defendeu o fim da Polícia Militar em sua fala. “Nós queremos o fim da Polícia Militar, porque nós queremos que os policiais tenham direito à greve, que os policiais não se submetam a uma casta de oficiais, que estão ‘muito bem, obrigado’, enquanto os policiais vão para guerra”. Ele afirmou que o movimento, em nenhum momento, condenou os policiais pelas mortes no Cabula, mas que é preciso que exista “uma investigação transparente e não o que está acontecendo agora. Nós entramos no campo do Cabula, e encontramos luvas cirúrgicas, encontramos roupas dos rapazes baleados”.
Hamilton Borges afirma que membros do movimento sofrem ameaças, e que as testemunhas poderiam estar presentes na audiência se não temessem por suas vidas. Ele diz que o grupo recebe ameaças nas redes sociais e por telefones, e que o grupo rejeita proteção individual por pleitear proteção pública. O ativista ainda adiantou que o movimento vai a OAB Federal para pedir investigação de grupos de extermínio e paramilitares.
 
Com informações do Bahia Notícias
 

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