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Trabalhadores baianos discutem fundamentos e saídas para a crise

26 fevereiro, 2016

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Mais de 300 trabalhadores e dirigentes sindicais de diversas categorias com atuação na Bahia se reuniram, na manhã desta sexta-feira (26/02), na Reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador, para debater “a retomada do desenvolvimento como saída para a crise”. O encontro estadual, promovido pela seção baiana da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras (CTB-BA), também contou com a participação de nomes da política e da economia.
Na mesa, estavam Haroldo Lima, membro do Comitê Central do PCdoB; Ana Georgina, representante do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese); Marcos Verlaine, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap); e Pascoal Carneiro, dirigente da CTB nacional. A condução foi feita pelos dirigentes estaduais da Central, Aurino Pedreira (presidente), Rosa de Souza (vice) e Claudemir Nonato (vice).
Ao abrir a atividade, Aurino explicou que a iniciativa surgiu da necessidade de inserir os trabalhadores nas discussões sobre o atual cenário, dada a importância de analisar os fundamentos e as relações entres as crises econômica e política, em curso no País. Segundo ele, com a análise, será possível ter compreensão sobre as perspectivas para a classe trabalhadora.
De acordo com Emanoel Souza, secretário de Comunicação da CTB, as análises da conjuntura vão permitir, ainda, balizar a atuação dos classistas durante todo o ano. “A agenda posta no Congresso é regressiva. São dezenas de projetos contra os interesses nacionais”.
Os convidados foram unânimes na defesa de que a atual crise, com os contornos mundiais, é muito séria e, por isso, requer uma atenção e reação protagonista dos trabalhadores. “Quem perde mais com a crise são os trabalhadores, que são 80% da população economicamente ativa. Precisamos fazer um confronto, mas um confronto propositivo”, afirmou Marcos Verlaine, do Diap.
Verlaine ainda chamou atenção para a necessidade do engajamento político dos trabalhadores, como forma de promover o confronto. Ana Georgina reforçou que a necessidade da ação na política porque “a instabilidade institucional é o maior dos problemas [relacionados à crise]. Guerra política gera entraves fiscais e não se investe quando se tem incerteza”.
Entre os atores da “guerra política”, Pascoal Carneiro apontou a Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), que, segundo ele, tem sido responsável por uma parcela importante da queda do desenvolvimento. “Com a operação, muitas empresas estão paradas, com obras interrompidas. Querem [com a Lava Jato] acabar com a Petrobras e com as nossas maiores empreiteiras para trazerem para cá as grandes empresas internacionais”.
Os debatedores também elencaram as pautas que tramitam no Congresso Nacional e que, segundo eles, comprometem direitos conquistados pela classe trabalhadora. Entre elas, estão as propostas de privatização das empresas estatais, entrada do capital privado na exploração do pré-sal, terceirização, flexibilização do conceito de trabalho escravo e da redução da idade do trabalhador.
Os participantes também apontaram erros na condução da crise feita pelo Governo Federal, principalmente no tocante às pautas dos trabalhadores, a exemplo do pacote de ajuste fiscal, apresentado no ano passado, que impactou diretamente a classe. Ainda assim, os debatedores concordaram que é preciso aliar o diálogo propositivo e a defesa do governo da presidenta Dilma Rousseff, de modo a garantir a continuidade da esquerda no poder e tentar afastar as investidas neoliberais.
Haroldo Lima sustentou que houve grandes acertos nos governos do PT, “apesar dos erros”. “Ao longo desses anos, a partir de Lula, fizemos um desenvolvimento com inclusão social no Brasil. Tivemos milhões de pessoas fora da linha da pobreza e tudo isso incomoda a elite desse país. Apesar de nem sempre contar com a habilidade da presidenta, nós temos que sustentar esse governo”, defendeu.
A vice-presidente da CTB, Rosa de Souza, completou: “Os conservadores estão investindo pesado na retirada de direitos nossos. Por isso, neste ano de eleição, que funciona como preparação para a corrida de 2018, os trabalhadores têm de estar unidos e mais ativos na luta. Não vamos admitir retrocessos. Queremos mais avanços”.
Dia de Mobilização
Para tentar reverter o quadro apresentado no encontro, os movimentos social e sindical já têm marcada uma manifestação nacional no dia 31 de março. “Precisamos colocar a população na rua no dia 31. Mas, também temos de estar presente, acompanhar no Congresso a luta contra o PLS 555 [privatização das estatais], a terceirização, que volta à discussão, a autonomia do Banco Central. E diversas outras pautas que estão no Congresso”, alertou Emanoel Souza.
 

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