Notícia

Vice-presidente da ABI defende a regulação da mídia

23 janeiro, 2015

O vice-presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), o jornalista Ernesto Marques, defendeu a regulação da mídia no Brasil, durante a participação em um debate sobre as tensões entre a liberdade de expressão e a intolerância religiosa, por conta do atentado de radicais islâmicos aos jornalistas franceses do Charlie Hebdo. O encontro aconteceu em Salvador, na última quarta-feira (21/1), e reuniu líderes de entidades religiosas, de comunicação, do direito e do governo estadual.
Ao público presente no evento, o jornalista apresentou algumas das capas da publicação francesa e apontou o que ele considerou “excessos” nas sátiras, principalmente nas direcionadas às religiões. Ele afirmou que a conduta não pode ser tolerada em nome da liberdade de expressão e que, se o Estado francês tivesse interferido nas ações do Charlie, através de um processo ao jornal, o ataque poderia não ter acontecido.
Marques explicou que os limites são necessários à comunicação em qualquer parte e que isso não tem a ver com a censura. “O melhor remédio é sempre mais liberdade, mas é preciso limites para melhor aproveitá-la. Esse controle está em jogo e é um debate para que a gente seja protegido. É para que a intolerância religiosa, a homofobia, o trabalho infantil e outros temas tão caros sejam melhor tratados e não mais espetacularizados”, defendeu.
Apesar de afirmar que a posição é pessoal e não uma unanimidade na ABI, Marques disse que a questão vai entrar na pauta de debates da associação ainda esse ano e que está otimista com a abertura dela para temas avançados. “A nossa entidade é marcada é pelo conservadorismo, mas me alegra ver que estamos nos sintonizando com a sociedade”.
O vice-presidente da ABI ainda elogiou o projeto de lei de iniciativa popular que pretende regular a atuação da mídia brasileira, através da regulamentação do artigo 220 da Constituição Federal, que proíbe o monopólio e o oligopólio da comunicação. Segundo Marques, a proposta é essencial, principalmente “por não ter sido feita por partidos, mas por entidades respeitadas”.
A intervenção estatal na comunicação serviria, segundo Marques, para garantir a diversidade nas produções. “É para que a nossa sociedade possa se enxergar através da imprensa”, finalizou.
 
 
 
 

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