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PCdoB vai ao Bonfim com irreverência, otimismo e críticas a Bolsonaro

17 janeiro, 2019


Os comitês municipal e estadual do PCdoB em Salvador e na Bahia participaram, nesta quinta-feira (17/01), do tradicional cortejo da Lavagem do Bonfim, que abre o calendário de festas populares da capital baiana. Da Igreja da Conceição da Praia, no Comércio, até Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, na Península Itapagipana, os comunistas percorrem 8km, levando às ruas irreverência, música e críticas ao presidente Jair Bolsonaro.
Dois artistas estiveram na ala do partido fantasiados de laranjas, em referência a Fabrício Queiroz, ex-assessor do ex-deputado e agora senador Flávio Bolsonaro (PSL) acusado de participar de um esquema de repasses de salários dos servidores à família do presidente, com depósitos feitos, inclusive, na conta da primeira-dama, Michele. A faixa que abriu a ala comunista defendia mais emprego, democracia, soberania e diversidade.
O presidente estadual do PCdoB, Davidson Magalhães, explicou que, embora 2019 não tenho tido um início bom para o Brasil, pelas ações do governo “conservador e atrasado” de Bolsonaro, a participação na festa traz otimismo, pois significa o fortalecimento da resistência, com o povo organizado nas ruas. “Tenho certeza que, com essa luta e com essa fé, nós vamos terminar com um ‘bom fim’ em 2019”, disse.
Everaldo Augusto, presidente municipal do partido em Salvador, destacou os pedidos de paz, durante o cortejo, em alusão ao decreto de Boslonaro, assinado nesta semana, que flexibiliza a posse de armas de fogo no Brasil. “A mensagem que o PCdoB traz, com irreverência e alegria, também é por paz, com fé no povo e na luta do povo”, afirmou.
Renovação
Deputada federal ligada à cultura da Bahia, Alice Portugal exaltou a beleza da Lavagem do Bonfim e celebrou a renovação da festa, que teve início no século XVII e se mantém viva, com expressiva participação popular. “Que nós tenhamos o desejo da justiça e da concórdia, para que possamos seguir com liberdade de expressão e organização política e, acima de tudo, com direitos, que estão ameaçados com Bolsonaro”.
Diversidade
Antes da saída do cortejo, no início da manhã, aconteceu uma missa na Igreja da Conceição da Praia, com a presença com lideranças de diferentes religiões praticadas em Salvador, inclusive as de matriz africana, historicamente perseguidas. Autor da lei que criou o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, o deputado federal Daniel Almeida celebrou o respeito e a inclusão na Festa do Bonfim, que faz referência a um santo católico, mas que ganhou outros adeptos.
“Bonfim é a demonstração dessa convivência pacífica, harmoniosa, em que a diferença não é algo pra ser tolerado, mas um direito civilizacional que, infelizmente, é violentado permanentemente em outros espaços”, afirmou o parlamentar comunista.
Eleições na Câmara
O líder da bancada do PCdoB na Câmara dos Deputados, Orlando Silva, que é baiano, mas se elegeu por São Paulo, também esteve na festa. Na oportunidade, comentou sobre as eleições da mesa diretora da Casa e explicou o posicionamento do partido, que tende a apoiar a reeleição do presidente Rodrigo Maia (DEM/RJ). Segundo Orlando, a decisão tem a ver com a garantia de a posição participar da vida legislativa, neste difícil cenário político.
“A eleição da câmara não é um terceiro turno eleitoral. É uma disputa interna que impacta o funcionamento da Casa e, para nós, é importante que haja um funcionamento democrático, até para a oposição cumprir o seu papel. Não é um debate programático. É uma discussão de ter ou não mais espaço. Alguns tentam associar ao governo, mas nós não vamos eleger nem o líder do governo nem o líder da oposição”, argumentou.
Na estratégia que defende, o PCdoB se junta a dois outros partidos de oposição. “Vamos construir com PDT e PSB porque é importante ter um bloco mais coeso de oposição no Brasil”, finalizou.

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