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Professores de Direito da UFBA repudiam decisão do STF no caso Lula

12 abril, 2018

Um grupo de 30 professores da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (FDUFBA) assinou e divulgou uma nota técnica de repúdio à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do Habeas Corpus Preventivo em favor do ex-presidente Lula. No documento, os docentes analisam a decisão que negou a liberdade a Lula, e defendem que o entendimento da maioria dos ministros extrapola a competência da Corte, que é de interpretar a Constituição Federal.
Segundo eles, o STF ‘escolheu ignorar’ o devido processo legal e a presunção de inocência, consagrados no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição, e em outras normas legais criadas a partir do que determina o texto constitucional. Pelo referido artigo, uma pessoa só pode ser considerada culpada quando esgotadas as possibilidades jurídicas de recorrer – o ex-presidente foi condenado em segunda instância e ainda pode recorrer a cortes superiores.
“Cogitar que, ausentes os requisitos para a decretação de segregação cautelar, imponha-se, antecipadamente, a prisão condenatória, ainda não concluído o processo legal devido, não significa interpretar o Texto Constituição, nem mesmo flexibilizá-lo. Significa, sim, rasgá-lo, substituindo a presunção de inocência pela presunção de culpa”, diz o texto.
A nota também critica a condução do processo criminal que condenou Lula a 12 anos e um mês pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em especial a atuação dos procuradores do Ministério Público Federal (MPF) e do juiz Sérgio Moro. De acordo com os docentes, a decisão do Supremo é fruto de um processo criminal repleto de ilegalidades, de desrespeito à paridade de armas e de promoção da espetacularização processual.
Continuação do Golpe
Os professores da Faculdade de Direito da UFBA também avaliaram o contexto político em que a decisão do STF está inserida, e garantiram que ela se trata da conclusão da primeira etapa do Golpe de 2016, que retirou a presidenta Dilma Rousseff do cargo, em um processo de impeachment sem crime de responsabilidade. O objetivo, agora, de acordo com eles, é retirar Lula, pré-candidato à presidência da República líder nas pesquisas de intenção de voto, das eleições deste ano.
A decisão do STF só contribuiu, segundo a nota, para o prolongamento da ruptura democrática vivida pelo Brasil. “Em poucas palavras, é este o resultado final do julgamento promovido pelo Supremo Tribunal Federal, conivente com a supressão de direitos individuais e sociais, distante do povo, da justiça, e da democracia”, finalizaram os docentes da UFBA.
 

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