Notícia

UNEGRO-BA condena abordagem racista de PM contra jovem em Salvador

5 fevereiro, 2020

A União de Negras e Negros pela Igualdade da Bahia (UNEGRO – BA) emitiu uma nota para repudiar o ato racista perpetrado pela Polícia Militar da Bahia (PM-BA), durante uma abordagem, contra um jovem de Salvador. A vítima, moradora da periferia da capital, foi covardemente agredida com socos e chutes seguidos de um julgamento racial devido ao seu fenótipo, e também ao seu estilo black power.
Segundo a entidade, o black power do jovem, atacado pelo policial, é um símbolo de resistência do povo negro. A ação policial chama a sociedade para refletir, ainda segundo a UNEGRO-BA, sobre o racismo estrutural, pois o “aparelho da segurança pública não pode continuar servindo como vetor de discriminação racial e como mantenedor do status quo colonialista”.
Abaixo, a íntegra da nota:
Esse tipo de ação entra na fila de diversos outros casos de jovens negros agredidos pelo braço armado do governo, muitas vezes por causa de seu “perfil”, o Estado precisa rediscutir este projeto de segurança pública que está em curso e legítima o genocídio do povo Negro.
A literatura conta que a trajetória do black power tem início ainda nos anos 20, quando Marcus Garvey, tido como o precursor do ativismo negro na Jamaica, insistia na necessidade de romper com padrões de beleza eurocêntricos e a partir disso promover o encontro dos negros com suas raízes africanas. Décadas depois, nos Estados Unidos, o afro também começou a ganhar espaço e se tornou um dos protagonistas na luta pelos direitos civis nos anos 60. No entanto, foram as mulheres as grandes protagonistas dessa história. 
Não é por acaso que se destaca a importância dos negros e negras se levantarem contra uma postura que ameaça sua identidade ,enquanto coletivo social, nesta sobrevivência em diáspora.
Em ato contínuo precisamos referenciar o filósofo e jurista brasileiro Silvio Almeida que – falando sobre racismo estrutural – ensina que este tem potencial de criar subjetividades, isto explica a danosidade de tal ato, lembrando que a escravidão foi ressignificada como racismo.
Firmando compromisso na luta pela igualdade, reconhecendo a responsabilidade objetiva do Estado, reconhecendo que tal prática atinge a coletividade negra, considerando que embora direcionada ao sujeito a atitude do policial atinge toda a subjetividade negra, exigimos justiça ao mesmo tempo que nos solidarizamos com as dores inflingidas a esta família.
O aparelho da segurança pública não pode continuar servindo como vetor de discriminação racial e como mantenedor do status quo colonialista.
A UNEGRO BA sempre estará nas trincheiras compondo um coletivo negro forte e atuante.
É o nosso compromisso resistir.
 
Juntos somos resistência.
Direção Estadual Unegro

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