Notícia

Comissão Política do PCdoB-BA debate conjuntura e projeto eleitoral de 2018

19 junho, 2017

 
comissão política
 
A Comissão Política Estadual do PCdoB, reunida nesta segunda-feira (19/06), em Salvador, mais uma vez debateu os cenários políticos nacional e estadual, e o projeto eleitoral de 2018.  No encontro, o partido deliberou que vai pleitear uma vaga para o Senado Federal, na chapa majoritária que deverá ser liderada pelo governador Rui Costa (PT), nas eleições do ano que vem.
Três nomes foram selecionados como opções para ocupar a vaga: Alice Portugal e Daniel Almeida, ambos deputados federais, e Isaac Carvalho, ex-prefeito e atual secretário de Governo em Juazeiro. O PCdoB-BA pretende continuar, também, com as três vagas que possui na Câmara dos Deputados, e ampliar de três para quatro o número de cadeiras na Assembleia Legislativa do Estado (AL-BA).
O documento ainda estabelece como prioridade a luta pela manutenção da unidade da atual base do Governo do estado e contribuição para a reeleição de Rui Costa. Abaixo, a íntegra do documento aprovado na reunião:
 
Construir o Projeto Eleitoral 2018 num cenário de crise e incertezas
 
QUADRO NACIONAL
 
A delação da JBS, há um mês atrás, ampliou o quadro de crise e instabilidade, minando as condições de governabilidade de Temer.
A vitória obtida no TSE pela estreita margem de um voto, longe de criar condições mais favoráveis ao ocupante do Planalto e a sua camarilha, acrescentou novos elementos à crise.  Estabeleceu-se um confronto direto entre setores do Judiciário (Lava-Jato, PGR) e o Executivo, setores da mídia golpista (Globo, Veja) passam a defender abertamente a saída de Temer e cresce a possibilidade de novas defecções na base governista no Congresso.
A última declaração de FHC (15/06) – “Se tudo continuar como está, com a desconstrução contínua da autoridade, pior ainda se houver tentativas de embaraçar as investigações em curso, não vejo mais como o PSDB possa continuar no governo” -, dada na mesma semana que os tucanos resolvem continuar no governo, mostra o grau de instabilidade da base.
Os novos acontecimentos: uso do jatinho da JBS, de helicópteros de empreiteiras, as reformas nas casas da sogra e da filha de Temer, as prisões de Henrique Alves, Rocha Lures, as ameaças de delações de Lúcio Funaro e Eduardo Cunha, e a esperada denúncia do Procurador Geral da República, podendo chegar a quatro acusações penais (corrupção passiva, organização criminosa, obstrução de justiça e lavagem de dinheiro), contra o presidente ilegítimo, podem acelerar o fim do governo.
A agenda neoliberal dos golpistas – “reformas” trabalhistas e previdenciária, a entrega do patrimônio nacional e o ajuste fiscal com o intuito de elevar a confiança dos investidores e assim estimular o crescimento da economia – ampliou a estagnação e a crise fiscal. A taxa de desemprego no último trimestre de 2017 foi 13,6% e representa 14 milhões de desempregados. A arrecadação federal caiu 3% em maio em relação ao mesmo mês de 2016. A prévia do PIB tem expansão de 0,28% em abril, nos 12 meses encerrados em abril, há retração 2,66% no dado ajustado.
Neste quadro de crise, cresce a mobilização contra as reformas, pelo Fora Temer e exigindo Diretas Já. Grandes atos ocorrem nos principais centros. Em Salvador, 100 mil foram ao Farol da Barra em um ato unitário que contou com destacada presença e mobilização da militância do Partido.
 
QUADRO ESTADUAL
Na Bahia, mesmo diante da crise financeira que impacta os estados, o governador Rui Costa tem conseguido manter um conjunto de ações administrativas na capital e nas diversas regiões do interior que lhe confere uma marca de êxito administrativo até o presente. No entanto, o agravamento da crise nacional, o não acesso a empréstimos externos para o desenvolvimento do plano de obras e ações, e problemas nas articulações com o funcionalismo podem dificultar a agenda positiva do governo. É necessário que a gestão estadual mantenha um permanente canal de negociação com as entidades representativas dos servidores.
 
A retomada das reuniões do Conselho Político do Governo e a superação das divergências da base de apoio na eleição da ALBA ajudam na manutenção da unidade das amplas forças que compõem o governo estadual, fator fundamental para a continuidade do projeto.
 
PROJETO ELEITORAL 2018
O regramento eleitoral, tratado como um dos elementos centrais da atual crise do sistema político brasileiro e uma das principais fontes dos vícios da administração pública, encontra-se em debate na Câmara dos Deputados, após aprovação de uma PEC no Senado. A chamada reforma política, que pretende mudar aspectos importantes (financiamento, sistema e modelo) do processo eleitoral, impactará a formatação e o dimensionamento do nosso projeto eleitoral 2018.
As propostas de lista fechada, o chamado “distritão” – sistema em que são eleitos os mais votados, o fim das coligações, a introdução de cláusula de desempenho -, dividem opiniões. Neste momento, existem dois pontos convergentes no debate na Câmara:  o financiamento público e a necessidade de fazer alguma mudança no atual sistema. O PCdoB defende o pluralismo partidário, o voto proporcional e a liberdade de articulação entre os partidos. A instabilidade política, a correlação de forças decorrente do seu desfecho, se ocorrer antes do pleito, e a incerteza nas regras da disputa eleitoral, cujo prazo para definição é o mês de setembro, compõem duas variáveis que dificultam a adoção de medidas mais precisas, adotadas em anos anteriores, em relação ao projeto eleitoral de 2018 do partido.
A abordagem do projeto eleitoral, no atual estágio, leva em consideração a manutenção das atuais regras com certo grau de flexibilidade, caso haja alterações.
 
O Projeto 2018 envolve quatro grandes desafios no Estado:
 

  1. Contribuir para o êxito do Governo Rui Costa, lutar pela manutenção da unidade da atual base política em torno do Projeto Eleitoral 2018.

 
2 – O PCdoB deve lutar pela participação na chapa majoritária em uma das vagas para o Senado. Com três deputados estaduais eleitos, e três deputados federais em exercício, o PCdoB, com forte presença no movimento social e enraizado no conjunto do Estado, deve buscar uma articulação ampla, que possibilite a sua candidatura ao Senado. Temos três nomes a apresentar: o deputado Daniel Almeida, liderança consolidada na política baiana, ex-líder da bancada na Câmara e mais votado da esquerda na Bahia em 2014 (135.382 votos); a deputada Alice Portugal, prestigiada parlamentar que se fortaleceu politicamente com a candidatura a prefeita de Salvador e como líder da bancada na Câmara Federal; e Isaac Carvalho, reconhecido líder político, ex-prefeito de Juazeiro por dos mandatos consecutivos. 
Os três quadros do partido credenciam nosso pleito de participação na majoritária.
 

  1. Eleger três Deputados Federais. No pleito de 2014, elegemos dois deputados federais, e o segundo suplente. Daniel Almeida foi o sexto mais votado da Bahia, Alice Portugal (72.682 votos) foi a 36ª, Davidson Magalhães (65.171 votos) foi o 40º. O crescimento do PCdoB na região norte, onde o partido elegeu maior número de prefeitos, e a terceira vitória consecutiva no estratégico município de Juazeiro fortaleceram a liderança regional do ex-prefeito Isaac Carvalho, que desponta como um nome novo e com forte densidade eleitoral para compor a chapa de deputado federal.

A próxima campanha ocorrerá em condições materiais ainda mais adversas para o PCdoB. Nosso objetivo estratégico está fortemente condicionado pela regra eleitoral, e a correlação de forças decorrente da atual crise.
 
No entanto, temos que avançar na construção das condições objetivas para viabilizá-lo. Neste sentido, até o mês de setembro, prazo limite para as mudanças nas regras eleitorais, devemos adotar as seguintes orientações:  a) afirmar as candidaturas de Alice Portugal, Daniel Almeida, Davidson Magalhaes e Isaac Carvalho; b) definir como áreas de campanha partidária a divisão estabelecida em 2014 como referência, com exceção a nova distribuição a ser estabelecida nas regiões onde 2014 foi campanha de Daniel Almeida e tem presença política de Isaac Carvalho.
 

  1. Eleger quatro deputados estaduais. No último pleito, em chapa própria elegemos três deputados estaduais: Fabricio, Zó e Bobô. O lançamento de 42 candidatos, em diversas regiões e segmentos nos proporcionou 329.944 votos na chapa e uma ampla base política para a campanha dos federais. A atual situação da chapa, avaliação inicial, coloca em risco inclusive a repetição do desempenho passado. Levando em consideração as manifestações, até agora temos o seguinte quadro: seis candidatos certos (em relação ao último pleito) 169.345 votos, candidatos pendentes (em relação ao último pleito) 124.974 votos, e 35.625 votos que não serão candidatos.

A tarefa que urge neste caso é a formação imediata de lista de candidatos que possam ampliar a nossa chapa de deputados estaduais. Devemos valorizar as iniciativas que busquem atrair lideranças de outros partidos, ou sem partido, que viabilize a recomposição da competitividade da nossa chapa. Internamente, buscar ampliar as candidaturas no âmbito do partido, visando cobrir regiões e segmentos importantes onde não temos candidatos e combater coletivamente as iniciativas que inibem novas candidaturas.
Até o final do mês de julho, devemos fazer o balanço do primeiro esforço de formação desta lista.
O conjunto do partido deve intensificar a oposição ao prefeito de Salvador, ACM NETO, denunciando seu apoio ao presidente Temer e as reformas da Previdência e trabalhista.
Para a agenda de luta das centrais sindicais e da Frente Brasil Popular, o partido deve reforçar a construção da greve geral marcada para o dia 30 de junho e a mobilização para o 2 de Julho.
A construção do Projeto Eleitoral passa a ser ponto de pauta de todas as reuniões da Comissão Política.
Vamos construi-lo sintonizado com a luta contra as reformas neoliberais, em defesa da economia nacional, pelo Fora Temer e pelas Diretas Já!!
 
ESTRUTURAÇÃO PARTIDÁRIA
A preparação do projeto eleitoral 2018 necessita estar atrelado às iniciativas de fortalecimento e crescimento do partido, e isso significa intensificar a campanha de estruturação partidária, a partir de ações imprescindíveis, como: o recadastramento de filiados e filiadas à rede vermelha, investir na formação política, com a promoção de cursos do programa socialista, e ampliar a contribuição militante como o compromisso ideológico com o programa socialista. Com o partido estruturado e enraizado no seio do povo, teremos condições mais favoráveis para sairmos vitoriosos da disputa eleitoral no ano que vem.
 
Salvador, 19 de junho de 2017

PCdoB - Partido Comunista do Brasil - Todos os direitos reservados