Notícia

Caso Catarina e Colombiano: família teme que assassinos escapem do júri   

29 junho, 2020

A família de Paulo Colombiano e Catarina Galindo, casal assassinado em 2010, divulgou uma nota em que manifestam preocupação com a possibilidade de que os criminosos escapem do julgamento. Nesta segunda-feira (29/06), o caso completa dez anos e os acusados do duplo homicídio ainda não foram julgados.
“Não suportamos mais conviver com a ideia de que os responsáveis pela morte de nossos parentes possam vir a escapar de um julgamento”, diz um trecho da nota. Os familiares das vítimas ainda cobraram celeridade ao Tribunal de Justiça do Estado (TJ-BA), onde o processo encontra-se, atualmente.
Leia a íntegra da nota da família:
 
Assassinatos de Colombiano e Catarina
Uma década de impunidade
 
No dia 29/06 (segunda-feira), chegamos a 10 anos do cruel e brutal assassinato de nossos entes queridos Paulo Colombiano e Catarina Galindo. A investigação policial concluiu, com provas robustas, que os mandantes do crime foram os irmãos Claudomiro e Cássio Santana, tese corroborada pelo Ministério Público da Bahia. O motivo do crime é conhecido: Paulo Colombiano tinha sugerido rever o contrato do plano de saúde do Sindicato dos Rodoviários da empresa Mastermed, de propriedade dos acusados, considerado por ele lesivo aos interesses da categoria. Os executores identificados foram os funcionários dos irmãos, Edilson Duarte Araújo, Adailton de Jesus e Wagner Luiz Lopes.
Para nós, não foi surpresa o resultado da investigação, na medida em que Colombiano comunicara, pouco tempo antes do crime, a amigos e familiares, que estava recebendo ameaças de morte por conta de ter proposto a revisão de um extorsivo plano, que injetava milhões nas contas dos dois empresários milionários.
Todos sabemos que a justiça brasileira é elitista, seletiva e estruturalmente lenta. Não é estranho o fato de dois homens brancos e ricos terem mandado matar duas pessoas negras e estarem livres por tempo indeterminado. Se fosse o contrário, dois negros terem planejado executar dois brancos ricos, certamente eles seriam jogados imediatamente numa penitenciária, com a hipótese não rara de nem haver a abertura correta de um processo judicial, com a decretação de prisão preventiva interminável, por exemplo. O fato de um deles, o Claudomiro Santana, ser oficial aposentado da Polícia Militar, é outro elemento que se encaixa no roteiro da impunidade de alguns criminosos oriundos dessa corporação.
Desde o início, era previsto que uma banca de advogados contratados a peso de ouro pelos criminosos faria toda a sorte de chicana jurídica para postergar indefinidamente o processo. Mas, passados dez anos do crime sem que os acusados compareçam a um júri popular, chega a ser vergonhosa e revoltante a constatação de que a impunidade reina. É mais revoltante ainda saber que, no estágio em que se encontra o processo – e com todas as próximas manobras de procrastinação que virão da defesa -, os criminosos ainda vão curtir a boa vida de endinheirados por muito tempo, sem que sejam efetivamente julgados e condenados.
Neste momento dos dez anos do bárbaro crime cometido por usura e avareza de assassinos gananciosos e covardes, cobramos mais uma vez que a justiça baiana trate desse caso com o empenho e a celeridade necessárias que a situação requer. 
Não suportamos mais conviver com a ideia de que os responsáveis pela morte de nossos parentes possam vir a escapar de um julgamento.
Exigimos que o Tribunal de Justiça da Bahia tome providências urgentes para punir os responsáveis por esse brutal crime que chocou a sociedade baiana.
 
Salvador – BA, 28 de junho de 2020
Familiares de Colombiano e Catarina.

PCdoB - Partido Comunista do Brasil - Todos os direitos reservados