Notícia

Testemunhas relatam abusos da Lava Jato em caso de sítio de Atibaia

21 junho, 2018
Em depoimento ao juiz Sergio Moro, testemunhas do caso do sítio de Atibaia, no qual Lula é investigado, relataram abusos de autoridade de integrantes da Operação Lava Jato durante uma operação de 2016, antes de o ex-presidente se tornar réu.
O eletricista Lietides Pereira Vieira, irmão de Élcio Pereira Vieira, caseiro do sítio conhecido como Maradona, afirmou que sua mulher e seu filho foram coagidos a prestar esclarecimentos sem serem intimados. Ele relata que o filho de 8 anos e a esposa foram obrigados a acompanhar policiais sem que lhes fosse apresentado um mandado.
A ação investiga se Lula recebeu cerca de 1 milhão de reais das empresas Odebreht, OAS e Schahin por meio de obras na propriedade, que era frequentada pelo ex-presidente e sua família. O Ministério Público acredita que o sítio pertence ao ex-presidente, embora esteja em nome do empresário Fernando Bittar.
Lietides relata que acordou às 6 horas da manhã com três ou quatro agentes à porta de sua casa, que não fica no sítio. Eles pediram para falar com sua esposa, faxineira que fez a limpeza da propriedade em nome de Bittar algumas vezes.
Sua mulher, diz, prestou alguns esclarecimentos ainda de pijamas. Segundo o eletricista, os policiais estavam usando roupas camufladas e portavam armas. Eles não apresentaram um mandado ao casal, diz a testemunha.
Lietides afirmou que teve de ir a uma consulta médica. Neste momento, sua esposa teria ligado para ele e avisado que a polícia estava levando ela para o sítio.  Os agentes levaram ainda o filho de 8 anos do casal.
De acordo com a testemunha, os agentes questionaram sua esposa se ela conhecia o ex-presidente Lula e para quem trabalhava. Ela teria informado que trabalhava para Fernando Bittar, dono do sítio.
Vieira afirma que sua mulher e seu filho sofreram um abalo gigantesco. “Meu filho faz tratamento piscológico com a pediatra, ele ficou tenso, adoeceu, ele dormia atarracado no meu pescoço por medo”, explicou. “A gente vem de família simples e humilde, a gente não presencia cena assim.”
Já o pedreiro Edvaldo Pereiria Vieira, outro irmão do caseiro Maradona, contou que foi procurado por supostos integrantes do Ministério Público. Ele disse ter se sentido intimidado com a forma como os procuradores o questionaram sobre Lula e o sítio.
Neste momento, o advogado de Fernando Bittar, Alberto Toron, perguntou se o pedreiro foi constrangido. Moro rebateu: “É ilegal, doutor, inquirir a testemunha na casa dela?” O advogado replicou. “Vossa Excelência o dirá no momento próprio. Eu não estou questionando, estou querendo retratar uma situação.”
Moro disse que irá investigar os fatos narrados e deu um prazo de 5 dias para o Ministério Público se manifestar.

 
 
Com Carta Capital

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