Notícia

Comissão Estadual da Verdade ouve desembargadora e jornalistas

25 julho, 2014

A Comissão Estadual da Verdade (CEV) vai ouvir, na próxima terça-feira (29/7), em Salvador, a desembargadora Sara Brito, do Tribunal de Justiça da Bahia, e os jornalistas Nelson Cerqueira e Oldack Miranda. A audiência, que aberta ao público, acontece na sede da comissão, localizada em anexo ao Palácio da Aclamação, no Campo Grande, com depoimentos às 9h e às 14h.
Sara Brito foi filiada ao PCdoB e uma das mais atuantes líderes femininas do movimento estudantil baiano na época da ditadura militar. Chegou a ser presa várias vezes e, em 1968, no último ano do curso, teve sua matrícula cassada e foi expulsa da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (FDUFBA).
Para concluir o bacharelado, ela se matriculou na Faculdade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro, onde foi presa, trazida para Salvador e encarcerada na antiga Casa de Detenção do Largo de Santo Antônio. Sara permaneceu quase três anos.
O escritor e jornalista Nelson Cerqueira trabalhava como plantonista no Jornal da Bahia, na madrugada de 1º de abril de 1964, quando foi surpreendido pela invasão de tropa do Exército na redação e oficinas do matutino. O jornal, que naquele dia saiu com páginas em branco, foi um dos primeiros a sofrer censura dos militares no Brasil.
Oldack Miranda foi militante do movimento Ação Popular (AP) e entrou para a clandestinidade após ser procurado pela repressão. O jornalista foi condenado a revelia, em Juiz de Fora (MG), a seis meses de reclusão, pena que foi cumprida até o fim.
Quando ganhou liberdade, Miranda decidiu morar em Salvador e, em outubro de 1973, foi preso por hospedar um militante da Ação Popular clandestino, tendo sido levado para o Forte do Barbalho e depois para a sede do DOI-CODI em Recife, permanecendo sob tortura durante quatro meses.
A CEV
Vinculada ao gabinete do governador, a entidade tem o objetivo de apurar e esclarecer violações aos direitos humanos cometidas por agentes públicos entre os anos de 1946 e 1988, principalmente as violações ocorridas durante a ditadura militar, de 1964 a 1985. O primeiro relatório oficial deverá ser divulgado em 10 de dezembro deste ano, no Dia Mundial dos Direitos Humanos.
A CEV, criada em dezembro de 2012, por meio do decreto estadual 14.227, já ouviu 44 pessoas vítimas do regime militar, em Salvador e Feira de Santana, e recebeu cerca de 600 documentos que comprovam violações aos direitos humanos.
Colaborou Secom/BA

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