Notícia

Estudante negra acusa loja de tratamento racista em Salvador  

10 novembro, 2014

Uma estudante de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) alegou ter sido vítima de racismo em uma loja de um shopping de Salvador – uma das cidades mais negras do país -, no último sábado (8/11). Através das redes sociais, Ana Paula Bispo contou que, ao olhar os produtos da loja Riachuelo, foi acusada de furto por funcionários pelo fato de “ser negra, de cabelo duro e ter cara de ladra”.
No relato, a estudante contou que, ao passar pela seção de bijuterias, foi abordada pelo segurança da loja a mando de outra funcionária que teria visto o suposto furto de um brinco. O segurança ordenou que Ana Paula devolvesse o material e, diante da negativa, pediu para verificar as coisas que ela carregava dentro das duas bolsas que portava.
“Várias pessoas me olhavam”, lembra a estudante sobre o constrangimento a que foi submetida dentro da loja. Por conta disso, Ana Paula exigiu da supervisora da Riachuelo os dados dos funcionários envolvidos no caso para a denúncia que foi feita à administração do shopping e para a realização do Boletim de Ocorrência (BO).
Agora, a jovem estuda processar a loja. “Relatei a ocorrência e vou levar a diante. Provavelmente será apenas mais um processo contra a loja, mas é questão de honra levar até a última instância, como disse no princípio, isso não é uma situação isolada, senti hoje o verdadeiro peso do racismo, aquele que transforma negra, de cabelo crespo, em ladra”.
Sobre a defesa de que a abordagem foi racista, Ana Paula explica que, apesar de acreditar que a Justiça poderá não entender que foi racismo, só se convencerá do contrário no dia em que se deparar com “moças brancas com seus cabelos lisos” relatando as mesmas situações.
“Não posso me calar, sou mulher, sou negra, sou pobre, sou estudante e trabalhadora, não admito ser tratada como criminosa. Não admitirei jamais. Pode ser que eu seja indenizada, mas se não for, ao menos essa repercussão fará com que pensem duas vezes antes de tratar alguém dessa forma”, finalizou.
Em nota, a Riachuelo diz se solidarizar com Ana Paula e que os funcionários envolvidos foram “exemplarmente punidos”.

PCdoB - Partido Comunista do Brasil - Todos os direitos reservados