Notícia

Pedido de fim da violência marca ato do Dia da Consciência Negra

20 novembro, 2014

Entoando músicas do cancioneiro afro-brasileiro e acompanhadas da banda Tambores de Búzios, baianas caracterizadas colocaram flores e fizeram a tradicional lavagem da estátua de Zumbi dos Palmares, em Salvador, na manhã desta quinta-feira (20/11), em celebração ao Dia Nacional da Consciência Negra. A data foi criada em referência ao dia de morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares e um dos símbolos da resistência negra à escravidão.
O evento na capital baiana, que chegou à 6ª edição, contou também com intervenções artísticas e um ato político. Esse ano, o tema é o extermínio da juventude negra. A escolha do tema, segundo a secretária nacional de Combate ao Racismo do PCdoB, Olívia Santana, que também participou da organização do ato, se deu por uma necessidade de chamar atenção para a quantidade de jovens negros mortos no Brasil.
“Não podemos naturalizar a morte dos nossos jovens negros. Perdemos vidas humanas produtivas, que não estão sendo aproveitadas e valorizadas. Perder nossa juventude é um atraso para o Brasil e é por isso que precisamos lutar e abalar a consciência coletiva, para mudar essa realidade”, defendeu Olívia, durante a Lavagem da Estátua de Zumbi.
Um dos casos lembrados no ato foi o desaparecimento recente de Davi Fiúza, de 16 anos, que sumiu após ser abordado por policiais, na periferia de Salvador, de acordo com a versão de testemunhas. Faixas e cartazes exibiam os pedidos de notícias do adolescente e de fim da violência contra a juventude negra da capital baiana, especialmente da violência policial.
Unificação
Durante todo o dia acontecem atividades na cidade, entre caminhadas, shows e atos políticos. A União dos Negros pela Igualdade (Unegro) é uma das principais articuladoras dos eventos, que são resultado da unificação do movimento negro baiano. Para a presidenta da entidade, Sirlene Assis, as mobilizações são importantes porque revelam a força do movimento negro.
“Estamos mostrando que o movimento está atento, no combate ao racismo e a toda forma de opressão, e que a luta é de todos os dias. Esse [Lavagem da Estátua de Zumbi] é um ato pela vida. É preciso acabar com o genocídio da juventude negra para avançar. Queremos uma política de reconhecimento dos nossos jovens”, afirmou a presidenta da Unegro.
Além da Unegro, também fizeram parte do ato a CONEN, o Olodum, a CTB-BA, o CEN, o Grucon, o Instituto Palmares, a ABAM, o Fórum de Entidades Negras da Bahia, o Bloco Afro Ori Obá, a CMA-HipHop, a Associação de Moradores do Conjunto Santa Luzia, o Fórum Nacional de Mulheres Negras e a banda Tambores de Búzios.
Trabalhadores
A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) foi a única entidade sem ligação direta ao movimento negro baiano a participar da lavagem. O secretário de Combate ao Racismo da central, Silvio Pinheiro, explica que a luta do trabalhador é também a luta do povo negro e que isso justifica o apoio às ações pelo Dia da Consciência Negra.
“Desde a sua criação que existe na CTB a nossa secretaria de Combate ao Racismo porque sempre nos preocupou a ascensão do negro no mercado de trabalho. Nós não queremos estar apenas no chão das fábricas. Queremos poder estar em todos os lugares”, justificou Pinheiro.
Passado o 20 de novembro, as atividades continuam, em todo o estado, até o fim do mês, quando se encerra a programação do Novembro Negro.
 
 
Foto: Manoel Porto
 

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