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Pedra de Xangô é alvo de intolerância religiosa em Salvador

14 novembro, 2014

Representantes dos poderes públicos estadual e municipal decidiram unir esforços nesta sexta-feira (14/11), em reunião convocada pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), para proteger a Pedra de Xangô, localizada no bairro de Cajazeiras 10, em Salvador, que tem sido alvo de atitudes desrespeitosas à fé de membros de religiões de matriz africana, como despejo de sal e enxofre, pichação e quebra de oferendas.

Durante o encontro, foi levantada a possibilidade de tombamento, pela Fundação Gregório de Matos (FGM), e registro especial de espaços destinados a práticas culturais coletivas, via Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), além da criação de um parque de preservação ambiental na área. Segundo a diretora-geral do IPAC, Elisabete Gandara, o monumento é um patrimônio imaterial, por isso o registro seria adequado ao caso.

Como ação imediata, foram sugeridos pelos participantes iluminação e limpeza no local, reforço na segurança e atenção especial ao caso pela Polícia Civil, para identificar os autores do crime. Outro elemento importante foi a criação de um fórum permanente de acompanhamento das ações, composto por sociedade civil e governos estadual e municipal, para garantir a proteção da Pedra de Xangô, mas com possibilidade dessa experiência ser aplicada em outras áreas do Estado onde houver esses crimes de intolerância religiosa.

Retorno à comunidade

As ações apresentadas serão detalhadas em reunião com representantes de povos de terreiros na próxima terça-feira (18), às 10h, na Sepromi. Segundo Maria Alice Silva, advogada e estudante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFBA, que tem como tema de mestrado a Pedra de Xangô, o local não é utilizado apenas para oferendas, mas para colher ervas utilizadas em liturgias. “Além de ser área de preservação ambiental, essa é uma área cultural, porque há manifestação dos adeptos de religiões de matriz africana, que tem que ser cuidada, preservada e respeitada”, disse.

O encontro contou com a participação dos secretários de Promoção da Igualdade Racial, Raimundo Nascimento, e da Cultura, Albino Rubim, representantes da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), Fundação Pedro Calmon (FPC), Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI), Polícia Militar (PM), Rede de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa e Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra (CDCN).

Com informações da Sepromi

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