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Presidente do PCdoB Salvador, Olívia Santana fala sobre Eleições 2014

1 novembro, 2014

Em entrevista para o pcdobba.org.br, a presidente do Comitê Municipal do PCdoB em Salvador, Olívia Santana, fez suas considerações em relação ao processo eleitoral deste ano, que culminou com as vitórias das propostas da mudança e do avanço no desenvolvimento, representada nacionalmente pela presidente Dilma Rousseff, reeleita, e Rui Costa, o novo governador do estado, vencedor em primeiro turno. A comunista avaliou ainda o cenário político e as contribuições do PCdoB para 2016.

 

Qual a sua avaliação sobre os resultados da eleição para o governo estadual em Salvador, com a vitória de Rui Costa, no primeiro turno, com 17 pontos percentuais a mais do que o segundo colocado?

Foi uma vitória retumbante, que revela a aprovação da população em relação ao governo Wagner, que venceu duas vezes no primeiro turno. Reconheço que foram muitas as dificuldades, crises, greves e tudo mais. Mas, a população teve a capacidade de avaliar e de comparar as alternativas que estavam postas: o retrocesso, com Paulo Souto, e uma candidatura nova, que representa a continuidade do projeto de governo aberto por JW, mas ao mesmo tempo apresenta novas perspectivas, com Rui Costa. O candidato que nós apoiamos e que conseguiu se comunicar bem com a população, traduzir o nosso projeto político e diretrizes para as perspectivas para a Bahia. Quer dizer, dar continuidade às conquistas da Era Wagner, mas ao mesmo tempo abrir um novo ciclo. Os baianos aprovaram o governo, mostraram uma larga confiança e, no primeiro turno, Rui venceu. O grande derrotado desta eleição foi o prefeito de Salvador, ACM Neto.

E para o governo federal, com a reeleição apertada da presidenta Dilma Rousseff depois de uma intensa batalha travada com o outro candidato?

Foi uma batalha árdua e o resultado, ainda que apertado, foi uma grande vitória. Dilma ganhou, conquistando um quarto mandato para esta experiência protagonizada no Brasil por um campo de Centro-esquerda – dois com Lula e agora dois com Dilma. Com a reeleição, caminhamos para 16 anos de governo. O resultado mostra que o povo conseguiu avaliar e defender suas conquistas. E o PCdoB sempre participou dessa disputa, com a consigna de fazer avançar as mudanças no Brasil. Os brasileiros valorizaram as conquistas e deram mais crédito para esse governo. Apesar de saber que ainda há muito o que fazer e que são muitas as expectativas em relação ao novo mandato, renovaram a esperança. Souberam escolher com mais nitidez o que cada proposta representava. A gente teve um bom debate programático, permitindo desmascarar Marina Silva nesta eleição: um verdadeiro engodo. Permitiu também lembrar que Aécio é o resgate daquilo que o povo brasileiro não quer mais: política neoliberal, arrocho salarial, desmonte de programas sociais que são importantes.

A campanha eleitoral tornou esta eleição a mais disputada no país. Como você avalia?

Eles fizeram uma campanha sórdida, com todo aparato midiático, para ampliar a voz desse bloco de oposição, composto pelo PSDB, DEM e outras forças atrasadas. Trabalharam com o apoio de uma mídia conservadora e autoritária, que tentou dar um verdadeiro golpe. Foi um cerco muito pesado que a presidente Dilma conseguiu atravessar e enfrentar com muita competência, crescendo politicamente. Os debates demonstraram conhecimento técnico, com dados que comprovam o acerto da política social do governo. Dilma fez um bom debate sobre política econômica, enfrentando de frente essa política conservadora de Aécio. Enfrentou muito bem também a questão da autonomia do Banco Central, defendida por Marina e pelo próprio Aécio – embora tenha sido Marina quem levantou esta bandeira, ele é um dos principais expoentes dessa visão econômica de jogar com o mercado e ressaltar os interesses econômicos particulares, em detrimento do interesse do povo. Então, a presidente não fez debate pessoal, rasteiro e conseguiu mostrar porque não poderia ser Aécio. Enfrentou com conteúdo, traduzindo, portanto, a diferença entre o nosso projeto de desenvolvimento, que incorpora o povo como sujeito, e o outro, que representa o retrocesso. No segundo turno, o povo brasileiro, que tinha que optar entre duas alternativas, foi às urnas e deu resposta.

A votação nordestina foi fundamental para a reeleição da presidente? E os outros estados?

Destaco aqui a importante participação do povo nordestino, lembrando que Dilma teve vitória acachapante em todos os nove estados da região Nordeste, com índices muito altos de votação, e também no Norte. Mas, temos também que considerar que ela também foi bem votada nas outras regiões do país, de onde vêm a proposta de dividir o país. O desempenho que Dilma teve no Nordeste, Aécio não conseguiu no Sudeste nem no Sul. Isso é muito importante, porque o sudeste deu mais de 19 milhões de votos a Dilma, determinante para essa virada. Portanto, temos que valorizar isso. Não podemos avaliar apenas o percentual baixo de diferença na votação total. Mas, sim, em que condições. Repito: com o cerco muito montado contra ela, com tentativa de golpe no último momento, orquestrado pela Revista Veja, a presidente foi magistral no desmonte daquela farsa, que responsabilizava ela e o ex-presidente Lula pelo escândalo da Petrobras. Assim, todas as tentativas dos algozes do povo brasileiro foram desarticuladas, derrotadas.

Conseguimos reeleger nossos deputados federais e mantivemos três cadeiras na Assembleia Legislativa, com a permanência de Fabrício Falcão e duas renovações: Bobô e Zó. O que isso representa para o Partido?

Para o PCdoB da Bahia isso foi muito importante. Tivemos grande perda no plano nacional, com a redução de 15 para 10 deputados federais, mas a Bahia se notabilizou por ter conseguido manter as bancadas estadual – com os três deputados – e federal – com a reeleição de Alice e Daniel -, posicionando bem o terceiro. Ou seja, quase conquistamos o objetivo de eleger três federais. Com mais de 65 mil votos, Davidson Magalhães está na 2ª suplência, com grande chance de assumir uma cadeira. Então, a Bahia demonstra uma força muito grande. É uma referência no cenário nacional, em que o PCdoB procura se afirmar. Daniel Almeida foi o deputado mais bem votado da bancada da esquerda baiana, superando a marca dos 135 mil votos. Enquanto outros partidos diminuíram a bancada, o PCdoB segurou. No primeiro turno, houve uma onda conservadora de monta, que fez com que muitos segmentos perdessem cadeiras nas casas legislativas. Mas, resistimos. Então, valorizar o nosso desempenho e performance eleitoral é fundamental.

Diante deste cenário político na Bahia, quais as perspectivas para 2016, quando teremos eleições para a Prefeitura e Câmara Municipal?

Agora, vamos preparar ainda mais o Partido. As vitórias de Rui e Dilma, em Salvador, cidade governada por ACM Neto, que representa uma força atrasada. O DEM está se acabando no Brasil, está minguando a cada eleição. Este ano não conseguiu eleger nenhum governador. O prefeito teve a ilusão de que a sua liderança poderia superar a do governador Jaques Wagner, da presidente Dilma e do ex-presidente Lula. No entanto, o recado das urnas foi muito claro. Salvador escolheu o projeto do avanço para a Bahia e o Brasil. Então, nós já estamos articulando. Vencida a eleição de 2014, já abrimos a discussão para uma nova eleição: a municipal em 2016. O PCdoB tem nome muito fortes, importantes. Nós vamos investir cada vez mais no fortalecimento do partido na cidade, para que consiga garantir uma participação elevada na disputa daqui a dois anos. Nós estamos animados para ter uma boa performance no pleito, não só contribuindo com projetos mais à esquerda, mas garantindo a força do partido especificamente, e possa eleger mandatos de maneira numerosa e se projetar ainda mais politicamente na terceira capital do país, com eleitorado valoroso, de povo aguerrido, que conta com todo o nosso apoio e marca na trajetória de luta e de conquistas do povo soteropolitano.

Quais as próximas ações do PCdoB, pensando nos novos enfrentamentos?

Agora, é ampliar a estrutura de organização do partido na cidade. Inclusive, nós já estamos fazendo isso. Construímos um plano, no começo do ano, para o Comitê Municipal, que se reuniu, fez assembleias, elaborou um planejamento para a cidade, que tende a ser ajustado de uma maneira mais compatível com o nosso desempenho nestas eleições. No essencial, é um planejamento que eu acredito que vai posicionar o PCdoB de maneira muito melhor para 2016 e nos dar condição de conquistar os nossos objetivos.

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