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Presidentes estaduais de centrais comentam declarações de Dilma

29 janeiro, 2015

Centrais sindicais unificadas com atuação na Bahia organizaram, na última quarta-feira (28/1), em Salvador, um protesto contra o endurecimento das regras para o acesso dos trabalhadores a benefícios, como o seguro-desemprego, abono salarial, auxílio-doença, entre outros. No ato, presidentes estaduais de três das centrais comentaram o primeiro pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff sobre a questão, durante a reunião ministerial, na terça-feira (27).
Aurino Pedreira (CTB), Cedro Silva (CUT) e Magno Lavigne (UGT) refutaram a defesa da presidenta de que não houve perda de direitos. Na reunião, Dilma disse que “direitos trabalhistas são intocáveis e não será o nosso governo, um governo de trabalhadores, que irá revogá-los (…) Os ajustes que estamos fazendo são necessários para manter o rumo e para ampliar as oportunidades, preservando as prioridades sociais e econômicas do governo que iniciamos há 12 anos”.
Confira o comentário de cada um dos três presidentes estaduais das centrais sindicais. A pergunta para todos foi: Como a sua entidade reagiu ao pronunciamento da presidenta Dilma?
 
Aurino Pedreira, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB):
Acho um equívoco essa avaliação da presidenta de entender que essas medidas não alteram [o direito dos trabalhadores]. Se ela dificulta o acesso ao direito, naturalmente, ela está tirando uma grande massa de trabalhadores de uma condição que já era posta, ao longo dos tempos, em função das conquistas obtidas. Só pra se ter uma ideia, sobre o seguro-desemprego, nós temos uma grande rotatividade no nosso País. O trabalhador do primeiro emprego, geralmente, passa pouco tempo no emprego e muitos deles vão ser penalizados. São milhões que não vão ter acesso a um direito. Dizer que isso não é perda de direto porque alguém pode ter esse direito ali na frente é um equívoco. Queremos abrir esse diálogo e esperamos que a presidenta se sensibilize e revogue. Não fazendo isso, nós vamos disputar com deputados e senadores a revogação dessas medidas.
 
Cedro Silva, da Central Única dos Trabalhadores (CUT):
Acompanhei com muita preocupação. Até porque a gente percebe que o ônus cai sempre no colo do trabalhador. Queria que a presidenta também pudesse estar falando da taxação das grandes fortunas, da taxação das remessas de lucros para o exterior, mas não há nenhuma fala neste sentido, apenas os trabalhadores, aqueles mais humildes, acabam pagando esse preço. Do ponto de vista do que temos que fazer, sobre a coordenação do DIEESE, foi criado um grupo de trabalho, com a própria autorização da presidenta, e eu acho que isso é um reconhecimento de que as medidas são ruins. Em fevereiro vai acontecer a segunda reunião desse grupo de trabalho, com a DIEESE mais as centrais sindicais do País, além de três ministérios: Fazenda, Previdência e Trabalho. Vamos discutir essas medidas que são prejudiciais aos trabalhadores.
 
Magno Lavigne, da União Geral dos Trabalhadores (UGT):   
Primeiro, a presidente, com todo o respeito que nós temos a ela, não analisa as coisas a partir da nossa ótica. Para nós, do movimento sindical, existiu sim perda de direito. Primeiro, as duas categorias mais numerosas no Brasil são os trabalhadores do Comércio e da Construção Civil. Alguém conhece algum trabalhador do Comércio que fica mais de 1 ano e seis meses no emprego? Na Construção Civil? Na Construção Pesada? Não existe! Então, esses trabalhadores foram subtraídos do direito a ter o seguro-desemprego. Isso representa mais de 50% dos pedidos do seguro. Segundo, o Governo não conversou com os trabalhadores antes de tomar as medidas porque, se conversasse conosco, teriam ouvido o seguinte: “Se o Governo baixar a taxa Selic em 1%, ele consegue fazer uma economia maior do que tirar direito do trabalhador”. Quando o Governo aumenta taxa Selic coloca dinheiro da gente no bolso dos rentistas, ao invés de resolver o problema da economia. Entendemos que existe um problema na economia internacional, que o Brasil não está livre desse problema, que o país tem que ser duro em medidas que garantam o nosso desenvolvimento, no entanto, não pode ser duro com os trabalhadores, que são os que sempre sofreram os efeitos colaterais das políticas econômicas, ao longo dos anos.
 
 
 
 
 

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