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Seminário da FMG reúne arquitetos para discutir uma Salvador mais inclusiva

6 junho, 2016

20160606_100703Está  sendo realizada, nesta segunda-feira (06/06), a segunda parte do Seminário Da Salvador que temos à Salvador que queremos, promovido pela seção baiana da Fundação Maurício Grabois. Os temas desta etapa são: por uma Salvador mais inclusiva e experiências em gestão pública.
O urbanista, professor e pesquisador da Uneb, André Santos, falou sobre as principais heranças de Salvador, desde a sua colonização, que a fizeram crescer sem o caráter participativo e questionador, necessário para o desenvolvimento. Segundo ele, não é possível trabalhar com o conceito de cidade, pois cidade é algo em constante transformação e espaço de permanente conflito.
Para o professor, três grande forças moldam as cidades: política (Estado), economia e sociedade civil. E, em Salvador, existe um poder econômico forte, principalmente do setor imobiliário, uma política ligada aos interesses deste setor e uma sociedade relativamente omissa. Isso porque a capital baiana surgiu como entreposto comercial, com determinação política de exploração ao invés de colonização, seguida da escravidão, que tornou o povo submisso à vontade dos senhores.
André destacou ainda que falta coletividade entre os soteropolitanos. Aqui não há a consciência de que os espaços públicos são de todos. A percepção é de que esses espaços não são de ninguém. “As pessoas deveriam ter consciência do papel social que têm e se mobilizar entorno das ações políticas gerais, não individuais”. E completou dizendo que não é possível se contentar com os espaços de participação ofertados por quem está no poder. “É preciso lutar por mais espaços e se empoderar”, concluiu.
Daniel Colina, integrante do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), começou a sua intervenção alegando que um dos problemas de Salvador é que a população não uma posição clara sobre as questões políticas. E deu como exemplo a construção do PDDU (Plano Diretor de Diretrizes Urbanas), que está em debate na Câmara de Vereadores. “É um importante instrumento para a cidade, mas precisa de acompanhamento, de mobilização popular. O documento que chegou à Casa é incompleto e tem sido bastante questionado. Mas, será votado a todo custo”.
20160606_112816De acordo com o arquiteto, a sociedade tem a possibilidade de participar através dos conselhos, a exemplo do Conselho da Cidade, mas não se apropria. Outro problema destacado por ele é a base econômica de Salvador, terceira região metropolitana mais pobre do Nordeste. “É patrimonialista e não atende todos os setores”.
Aproveitando a deixa, o também arquiteto Javier Alfaya, que já foi vereador na capital baiana, ressaltou ser necessário pensar, em uma cidade onde é alto o índice de trabalhos informais, quais as atividade econômicas pertinentes e torná-las efetivas.
Javier pontuou alguns aspectos para serem levados em consideração à caracterização de Salvador: a ocupação espacial, onde se vê a maior parte da população, que é pobre, ocupar áreas menos favorecidas; a mobilidade urbana, que demanda maior fiscalização do sistema de transporte público coletivo; a cultura, cujos equipamentos precisam ser descentralizados, além da valorização dos espaços que não são de cultura popular, como as universidades; e a política, que não permite participação democrática de todos os atores.
Mesa 2
Na segunda mesa, o prefeito de Juazeiro, Isaac Carvalho (PCdoB), falou sobre suas experiências com a administração pública.

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